sexta-feira, fevereiro 06, 2009

She's lost control again - Mojo Books

Você conhece a Mojo Books? Trata-se de um site de livros e quadrinhos eletrônicos muito legal. A premissa desses livros e quadrinhos é "Se música fosse literatura, que história contaria?". E cada um pode mandar seus livros (em geral são curtinhos, afinal são feitos pra ler no computador) e também é possível mandar contos. Resolvi aproveitar uma ideia de um post aqui do blogue, dei uma repaginada e transformei num novo conto (ou single) sobre a música She's lost control, do Joy Division.No ano passado lançaram um filme sobre a vida do vocalista do Joy Division, Ian Curtis, chamado Control, que ajudou na criação dessa história. Pegue uma canção que você goste, tire o "mojo" dela e transforme num conto. Ou seja fodão e pegue logo um álbum e faça seu livro. É uma brincadeira divertida e um ótimo exercício para a escrita. Eis minha versão para "She's lost control".


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She's lost control


Ela corre. Desesperada e sem motivo. Sem nome nem idade. Todos os seus dentes parecem ter caído. Nas ruas, pessoas se esfregam e se beijam quase que por obrigação. A cerveja é choca e o ar é seco, sujo e repleto de idéias repetidas. Só agora ela percebe que está nua e se vê no meio de uma repentina multidão. Ela corre mais e mais . Não sai do lugar. Não há onde se esconder. Ela cai, acorda e convulsiona. Inerte. Perde o controle. E morre de medo.

Ela se lembra do filme e da trágica história do jovem roqueiro que se matou. Ele começou a ter crises como a dela pouco tempo depois de ver uma garota ter um ataque epiléptico. Ele também era triste e confuso. Maldito filme. Será que aquele teria sido o primeiro ataque de outros tantos que viriam? Sim. Ela vai perder o controle mais muitas vezes. Seus olhar continuará grave e sem vida. Vai ser devorada pela doença, pela indiferença e pelos remédios ineficazes. Malditos sejam todos. Só o chão não tem pena dela. É o amante sacana que a recebe com um beijo violento e quente toda vez que ela perde o controle.

O tempo cura seu ressentimento e apaga o que não interessa. Ela não quer se separar da doença. Aprende a amar a vertigem e o prazer de não ter controle. Ela ri e já não tem mais medo.