quinta-feira, dezembro 27, 2007

Você não sabe o que ela sente

Se o ano acabasse agora, ela diria que não se arrepende de nada. Só que ainda faltam 4 dias pra chegar o ano que vem. Ano novo. Ela diz que você não tem o direito de julgá-la, de entendê-la. Devore-a, pois. De novo. É tudo festa mesmo.

segunda-feira, dezembro 17, 2007

Notas soltas

Deve ser bem legal ter um sobrenome tipo "Fairbanks". Já pensou? "Rodrigo Febrônio Fairbanks"? Soaria tão latino boboca metido a inglês. Gostei. =)

***

Eu pensei em fazer resoluções para 2008 e um resumo de como 2007 foi um ano peculiar.

***

O dublador Borges de Barros, lendário dublador do Dr. Smith, de Perdidos no Espaço, faleceu no último sábado. Acho que a minha entrevista com ele na Banca de Quadrinhos foi a última da vida do sujeito... ele não gostou quando eu pedi pra fazer um trechinho da voz do personagem, pois era como ele falava... mas na verdade não era, depois de um tempo ele disse "ó lata de sardinho enferrujada". Isso foi ao ar na primeira edição da Banca. Vai lá ver!

***

Isso aí acima não foi uma nota solta, foi quase um maço inteiro. =)


***

Desconfio seriamente que nas próximas semanas esse blogue vai continuar às moscas

***

Dizer "blogue" é tão mais interessante do que "blog"

***

Cuando yo volver de mi viaje a Buenos Aires, voy actualizar essa puerra. Ahora, voy a beber una cueca-cuela!

sábado, dezembro 01, 2007

O dia em que morri na estação

Esperava encontrá-la em Montauk. Achei que sempre teríamos Paris. Vi meus sonhos dissiparem em Veneza. Fugi de bicicleta em Roma, aquela cidade aberta. Dei um último adeus em Berlim oriental. E morri pateticamente no chão de uma estação de metrô em São, São Paulo, meu amor, assim com um disparo inconseqüente de um tiroteio improvável. É pra ficar puto, não é?

terça-feira, novembro 20, 2007

Longe do chão

A menina lá das nuvens vive o impossível sonho de ficar na ponta dos pés. Ela cai. E adora.

sábado, novembro 17, 2007

a noite em que ela te conheceu

-Amor, eu lembrei do dia em que a gente deu o primeiro beijo... você estava tão lindo com aquele seu traje de gala. A lua nos acalentava... você segurou nas minhas mãos... ficou na dúvida e então nos beijamos! O tempo parou... foi como música. Lembra, amor? Foi tão lindo!
-Eu lembro, querida. Agora tire esse punhal do meu pescoço, por favor... Por favor.

segunda-feira, novembro 12, 2007

Desembarque pela lado esquerdo do trem

Ela está recostada num canto do metrô, ouvindo seu ipod. Ela chora discretamente. A velhinha sentada em frente sorri e puxa assunto:

"Ô moça, a próxima estação é qual, hein?"
"Não, não! eu tô bem", responde a jovem ainda distraída com o próprio pesar e tentando esconder o pranto.
"Não! A estação..."
"Ah, deve ser Brás, eu acho". E voltou para a música e para as lágrimas.

O que será alguém ouve ao chorar assim tão serenamente no metrô?

quinta-feira, novembro 08, 2007

amplexos complexos

Lembrou do abraço apertado quase que pedindo desculpa. Odiava os abraços clementes de quem não era capaz de amar plenamente. Mas precisava que aquele momento fosse pra sempre. Quando viu que não o seria, antecipou-se em soltá-la. Ela voltou, deu mais um abraço, virou a bochecha pra ganhar o beijo de despedida. A bochecha! Ela estava certa de que errara, mas era um erro convicto, legítimo. Tão singela, íntegra, sublime, linda. Aquela vaca!

domingo, novembro 04, 2007

Eu devo estar velho...

Afinal de contas, achei a apresentação dos Killers no Tim Festival uma droga. Clichê, cafona, exagerada. É fácil escutar e cantar os hits. Mas tudo de uma obviedade atroz. Para piorar junte-se aquele ar de pregador evangélico e salvador de rock do Brandon Flores... e um atraso de 3 horas para o início da apresentação. Tá, eu curti bastante Read My Mind e All the things that I've done, mas isso não vem ao caso.

A apresentação anterior dos Macacos do Ártico não teve nada de antológica, mas soa mais honesta pelo menos. Um som mais pesado ao vivo, poucos hits divertidos e dançantes. Fuorescent Adolescent e Brianstorm são ótimas. Quase trilha sonora pra uma baladinha sem compromisso, já que os sujeitos mal falam com o público.

Da Juliette só vale destacar que ela é bem simpática, usa um penacho e chupou o dedão do Robert De Niro num filme do começo dos anos 90. Eu disse que devo estar ficando velho, talvez musicalmente meio chato ou talvez tudo tenha sido mesmo uma porcaria (incluindo aquele Anhembi horroroso com uma multidão de vips deixando a grade dos mortais a quilometros do palco).

E a Björk, hein? Nunca pensei que ela pudesse funcionar tão bem para uma multidão daquelas. Earth Intruder é do caralho. A islandesa salvou minha noite. Mas ainda fico com a noite de quinta com a Gata e o Antonio.

sábado, outubro 27, 2007

O poder da gata e o Antonio



A gata usa um camisão oversize e uns sapatos estranhos. Ela dubla o narrador que a apresenta no palco. Ela vai de um canto ao outro do palco com passos excêntricos. Ela reclama do áudio. Ela solta aquela voz impossível. Ela recita Billie Holliday, murmura Sinatra, sussurra James Brown. Aquela voz rouca, frágil, intensa. Ela canta "The Greatest" e tudo fica bem. Não canta "Love and Comunication" nem "He war". Não fazem a menor falta. Ao final, ela agradece as palmas com uma perna para trás, a cabeça grudada no braço estendido para cima, fazendo um aceno esquisito. Ela diz que não merece as palmas. Além de tudo, é mentirosa essa Cat Power, essa Chan Marshall.




O Antonio chegou com toda sua androginia e seu punhado de Johnsons prontos a rasgar corações com faquinhas de cortar rocambole. Ao vivo, não me pareceu que sua voz lembre tanto a da Nina Simone. A voz é dele mesmo: desesperadora, angustiante, reconfortante, linda. "My lady story" inicia a jornada de sensações interrompida logo na seqüência pelo próprio cantor ao perceber que tinha se perdido na música. Ele disse estar entusiasmado e recomeçou, sem pudores, a mesma música. Parava canções, falava a todo momento, fazia discursos feministas, contava causos homoeróticos da banda, falava mais um pouco e então cantava. Muito. Cantava muito. Conseguiu transformar "I will survive" numa música que para quem esteve naquele show, ganhou uma versão definitiva. A música não é mais a mesma depois de cantada pelo Antonio. O mesmo pode se dizer de "Candy says" do Lou Reed na voz dele. Aliás, Antony é "protegido do lendário mr. Reed, o que já diz muita coisa sobre seu talento.

Eu liguei para algumas pessoas queridas ouvirem um pedacinho daquela concorrida apresentação. A acústica do Auditório do Ibirapuera ajudou a quem não estava lá ter um pouquinho da dimensão do que foi aquela espetáculo. A minha irmã ouviu "You are my sister" e quase endoidou. Antes de cantar "Hope there's someone, ele queria que todos ali contemplacem o silêncio. E o silêncio se fez total e irrestrito. Pudemos ouvir extasiados o fim da apresentação. Inesquecível. Em breve coloco no Youtube a matéria que fizemos sobre o Tim Festival. Domingo é no Anhembi. Vai ser bom. Provavelmente a Björk chame o Antony (é, ok, Antony) para cantar junto "The Dull Flame of Desire". Mas em vez de 800 pessoas, teremos dez mil incógnitas provavelmente esperando apenas pelos Killers e que não terão a dimensão do que perderam musicalmente. Azar o deles.


ps: fotos "emprestadas" do Portal G1

sábado, outubro 20, 2007

Passarinho

Ela tem nome de passarinho. Ela é uma bailarina. Ela é encantadora e se chama Tiê. Descobri essa jóia musical faz uns meses e tinha esquecido de mostrar aqui. Ela consegue ser mpb de primeira sem tentar parecer Elis Regina ou Clara Nunes. Tem uma voz frágil, sublime e onírica (eu adoro dizer "onírico" e também "lúdico", mas essa não deu pra encaixar aqui). Assista os dois clipes dela em www.myspace.com/tiemusica.. Música que acaricia nossas mentes tão sórdidas. Faz o mundo parecer calmo. Aí acaba e volta a tudo a ser a mesma merda de sempre. Talvez seja exagero meu. Exageros são bons. Tiê tem nome de passarinho e é encantadora. Eu já disse isso?

segunda-feira, outubro 08, 2007

Padam, padam

Logo de cara, peço desculpas pelo sumiço. PC em casa continua com pau e anda complicado atualizar aqui. O respeitável blogueiro Sall me intimou a participar de um tal "memê", umas dessas coisas bloguísticas tão em voga. A questão é se sou ou não anti-social. Não sei se alguém realmente se interessa por o que penso sobre mim mesmo, mas enfim... Sei ser devidamente fanfarro, aloprado e sacana como um bom rapaz sociável. Evito encrencas, exceto as que julgo divertidas de se entrar. Quer discutir políticas sociais na mesa do boteco? Então não vá achar ruim por eu discordar de você e de mais sete pessoas na mesa. Sou teimoso, sim. Mas um teimoso com bons argumentos. E não tão sociável assim a ponto de ficar quieto diante de certas bobagens. Só que não levo isso para o campo pessoal, ressalte-se. Uma coisa que me irrita muito na cultura do Brasil é essa coisa de valorizar a mediocridade (acho que falei disso algum tempinho atrás). Orgulhar-se do que fez virou pecado mortal. O justo é se fazer de coitado o tempo todo. Quanto mais cordeiro, mais simpático. Eu acho isso uma grande estupidez. Saber que se é bom no que faz não é vergonha. Exigir responsabilidade e competência é básico. Só que aí você corre o perigo de ser mal-visto. E se continuar convicto, pode ser intransigente. E intransigente pode ser anti-social. E por isso eu não vou seguir o esquema de passar o même adiante e ele vai morrer aqui em mim. Anti-social, sim. Só pra fazer um charme.

***

Ah, dia 12 estréia "Piaf" e você deve assistir! Um filme encantador sobre a genial cantora Edith "la môme" Piaf. Só a trilha sonora já vale o ingresso. O legal é que as pessoas bacanas que não a conhecem bem, vão descobrir uma grande e trágica cantora. E as pessoas trágicas são bem interessantes. Padam, padam, padam.

sexta-feira, setembro 28, 2007

Assim sem vírgula nem ponto final

Me dá um copo d'água que é pra eu mijar ectoplasma que é pra eu poder viver em paz

quarta-feira, setembro 19, 2007

A estréia da Banca de Quadrinhos


Galera,

Pra quem ainda não sabe, estréia nessa quarta-feira o programa Banca de Quadrinhos, meu novo projeto com uma turma muito bacana do Canal de São Paulo. O programa e mais informações podem ser encontradas no novo blog: http://bancadequadrinhos.blogspot.com. Espero que todos possam assistir. E que gostem, claro.

Na foto, eu entrevisto a turma do Mundo Canibal... isso vai ao ar no nosso segundo programa.

segunda-feira, setembro 10, 2007

A tragédia que é ser Ronaldinho num Mundo-Dunga

Ronaldinho é um gênio. Se você não acha isso, azar o seu. Vejo como ele é criticado, chamado de pipoqueiro e me lembro de um personagem do filme "Pequena Miss Sunshine". No longa, há uma família adoravelmente problemática cujo pai tem um discurso de "seja um vencedor" e se não for, é um fracassado maldito... é mais ou menos isso o que ele diz para a pequena filha. O Ronaldinho é notoriamente craque, faz de tudo com a bola, mas ainda assim é visto com receio e até raiva pelos idiotas brasileiros da objetividade. "Ele nunca jogou nada na seleção". "Treme em jogo decisivo". Mentira! O cara já jogou bem no Brasil, foi decisivo contra a Inglaterra em 2002 e às vezes dá show. Mas gênio não brilha toda hora. Aí implicam com as "firulas" dele? Porquê exigir mediocridade dos gênios? Porquê desvalorizar quem é bom demais só porque não consegue sempre ótimos resultados? A desculpa é a falta de regularidade. Então bota gente mediana pra compensar. Bullshit! Cada vez mais me parece que a Dunganização toma conta do país. Gente talentosa? Nada! Dá trabalho. Vamos arrumar acéfalos cumpridores de ordem, gente sem senso crítico, vamos estar otimizando gastos e idéias, estar maximizando lucros, vamos estar jogando com quatro volantes e o Júlio Baptista armando o time! Aí se não estivermos sendo capazes de vencer a Argentina, estaremos dizendo que o trabalho está sendo bem-feito e não merecemos crítica. Então livramo-nos dos Ronaldinhos e nos cercamos de Gilbertos Silvas, chefes-dungas e gerundismo (só pra dar aquele charme, sabe?). Escrevemos um livro sobre criar equipes vitoriosas, renovamos nossa assinatura da Você S.A e execramos todo e qualquer craque como Zico, por exemplo. Afinal, o que ele ganhou pelo Brasil? Isto é gestão de resultados, estúpido. Isso é o tal do patriotismo. Ah, aproveite o clichê e vá odiar argentinos por aí. Ou americanos. Nós nunca somos culpados por nada.

A série C e eu

Fui ao simpático estádio Marcelo Stéfani em Bragança Paulista na companhia de parentes e amigos estimados. Assistimos a peleja entre Bragantino e CRAC, de Goiás, pela inigualável Série C do Campeonato Brasileiro. Seis reais a entrada, estudante paga meia e mulher entra de graça. Todo mundo animado já que o técnico Marcelo Veiga voltou duma frustrada experiência no América de Natal. Logo de cara, o time da casa fez um a zero num gol de pênalti. Pouco tempo depois, o time goiano empatou, num passe torto do camisa 6 do Bragantino que, à partir daí foi xingado pela torcida local cada vez que pegou na bola. Só não foi tão ofendido quanto o árbitro. Quando o CRAC virou o jogo, o homem do apito transformou-se sabe-se lá por qual motivo no grande culpado pelos males bragantinos. Por volta dos 20 minutos do segundo tempo, os goianos tiveram um jogador expulso. Começaram a fazer cera e o time todo ficou pendurado. Um deles é retirado de campo pelos maqueiros locais e jogado estratégicamente na lateral do campo onde babões torcedores lavaram-no com cuspe e ofensas diversas. E o Bragantino era incapaz de chutar para o gol. E o juíz continuava sendo mais xingado que o lateral que não acertava um cruzamento. E goleiro do CRAC saiu contundindo e o time teve outro jogador expulso. E a torcida até o fim culpou o árbitro. E, claro que depois de sair do estádio, a culpa não era mais do árbitro e sim “dessa porrrrcaria de time” que não fez gol
A cultura do futebol me diverte por essas e outras razões. O juíz é como o satanás. No calor do momento é o culpado por todos os males... é um personagem trágico, quase metafísico. Bom, deu preguiça de desenvolver melhor o raciocínio... agora me deu vontade de falar sobre o Ronaldinho Gaúcho (aliás, porque cacete ele não pode ser só Ronaldinho e o gordo ser só Ronaldo?). Vou escrever outro post já!

sábado, setembro 01, 2007

Sábado de Sol

-Alô, por favor eu posso estar falando com a Sra. Ilza?
-Quem gostaria?
-A Sra. Ilza está?
-Não, quem quer falar?
-O sr. pode estar anotando nosso telefone pra ela estar entrando em contato? O número é não sei que lá 0022 (Eu já apaguei).
-Ok, mas de onde é??
-O sr. é o que dela?
- -Eu perguntei de onde é!!
-O sr. é o que dela?
-Olha, se você não falar de onde é, não dou recado.
-O sr. avise pra ela estar entrando em contato das 8h às 20h. Obrigado, senhor. Uma boa tarde.
-olha...


E ela desligou. Obviamente eu liguei no número que ela passou e deixei uma reclamaçãozinha simpática... era da Central de Relacionamento da Marisa... E não dei o recado para minha mãe. Se a mulher do Lula quer falar com ela, que ligue de novo! Ah, nada como um sábado ensolarado e entediante na frente do computador.

terça-feira, agosto 28, 2007

Deletar à vista

Restou apenas a lágrima solitária correndo em meu rosto. Tanta dor. Minha vista estava quase dilatada. Deletada. Delatada. O oftalmo olhou preocupado, mas disse que vai ficar tudo bem. Ou talvez não.

terça-feira, agosto 21, 2007

A fonte da vida

É Arial, com certeza. Embora eu prefira Verdana.

quarta-feira, agosto 15, 2007

Crime sem castigo para Evaldo Rubens

Na tarde de 15 de agosto de 1997, Evaldo Rubens decidiu matar seu grande amor. Mas não seria um assassinato vulgar como esses que acontecem o tempo todo. Seria um assassinato poético, esse que é o mais terrível de todos. Depois de arquitetar uma narrativa homicida, apunhalou seu ventre com estrofes assimétricas e cortou seu rosto com rimas amarguradas. Sufocou-a com as mãos sujas de seu eu-lírico, rasgando páginas e pulsos com sua caneta vermelha. Livrou-se de todos os anos de desprezo e ressentimento com essa vingança sublime e metafísica, despejada no papel por essa tinta vermelho-sangue. Quase em prosa. Um lampejo de carne, ossos e vontades sem sentido. Talvez não passemos disso. Ou talvez sejamos assim apenas nas páginas vingativas dos textos de Evaldo Rubens.

sexta-feira, agosto 10, 2007

A barreira de fino cristal

Ela foi feita para se apreciar aos poucos. É tanto. É pranto. Encanto. Em cantos. Ela parecia espelho, mas mostrou-se vidro. Atravessei e enxerguei sua alma. Bela, nua, intensa. Por um instante entendi o todo. Em uma barreira de fino cristal, ela sorriu. Intocável. Brilhante. Minha? Quem dera...

quarta-feira, agosto 08, 2007

Simpsons, o filme


Tive a sorte de assistir a sessão cabine do filme dos Simpsons na última terça-feira. Valeu toda a espera. Tudo que você pode aguardar de um filme estrelado pela hilária família de Homer está lá. É uma sucessão tão grande de gags, humor ácido e muita, muita referência pop. Certamente terei de ver novamente pra curtir aquele monte de piada boa. Ver de novo o já lendário Porco-Aranha/ Harry Porco, ver o quão miseravelmente insano é Homer. Na história, Homer comete a maior cagada (quase literalmente, diga-se) de sua vida e coloca Springfield em um risco terrível. A idéia é a mesma dos grandes clássicos dos Simpsons: acompanhar a jornada de Homer da execução da cagada, passando por seu comodismo irresponsável até o momento redentor. Tem o nu frontal de Bar Simpson, o interesse amoroso de Lisa, Homer no globo da morte... e o presidente Schwarzenegger(!). Não vou me estender aqui... não quero adiantar as melhores piadas (são muitas). Só direi que pessoas legais devem obrigatoriamente ir ao cinema ver "Os Simpsons". O filme chega aos cinemas no dia 17 de agosto. Ah, fiquem na sala do cinema até o fim de todos os créditos. Tem piada desde a aparição do símbolo da FOX até uma sacanagem com estudantes de cinema/"cineastas" no últimos segundos dos créditos.


E uma das grandes cenas é a do jornaleiro gordo e nerd de Springfield. Abraçado com vários gibis, prestes a perder a vida, ele diz algo mais ou menos assim: "Ó meu, Deus! Eu podia ter aproveitado tanto a minha vida, mas desperdicei toda ela com quadrinhos... E valeu cada momento!!". Genial.



cotação do filme
dólar: 2,83 - venda
2.85 - compra

quinta-feira, agosto 02, 2007

Admirável Mundo Neo-nerd

Evaldo Rubens é um neo-nerd. Eu sou um neo-nerd. Você é um(a) neo-nerd. Não me lembro onde ouvi esse termo pela primeira vez, mas ele define boa parte da humanidade no século XXI. O conceito clássico do nerd ganhou força nos anos 80 com aquele filme sobre jovens tolos, de aparência bizarra e intelecto brilhante. Losers. Sem vida social, eram sempre dependentes químicos de computador, fãs de quadrinhos...arrá! Os tempos mudaram e hoje até aquelas mocinhas descoladas, que esnobavam os pobres nerds, precisam desesperadamente do computador! Hoje ninguém fica um dia sem e-mail, orkut, msn... só que mesmo assim gostam de viver no mundo real, diferente do nerd clichê oitentista. O cinema tornou-se um grande aliado na propagando do neo-nerdismo. Foi através da Sétima Arte que qualquer cidadão passou a conhecer Sin City, Hellboy (passou na GROBO!) e descobriu quem é Ra's Al Guhl e Doutor Destino. Ok, nem todos. Podemos sentar numa mesa de boteco e falar de quadrinhos sem nos olharem com aquela raiva anti-nerd... afinal a estética das hqs está em toda parte. Moças bonitas já vieram conversar comigo por causa do gibi que eu estava lendo. Ok, isso é raro, mas aconteceu. Uma maravilha do admirável mundo neo-nerd. Bem melhor do que que esse maldito mundo neo-liberal. Esse tema merecia uma dissertação mais caprichada, mas está tarde e tenho sono. Como bom neo-nerd estou até essa hora papeando no msn e exercitando minha escrita no meu querido blog. E as pessoas legais e descoladas fazem isso. É bacana, vai?

sábado, julho 28, 2007

une vie à gauche

Quando nasci, um anjo torto
desses que vivem na sombra
disse: Ah lá, o canhoto se fodeu!

sábado, julho 21, 2007

Os Bêras

Eu moro numa rua com o nome de avenida, mesmo sendo razoavelmente pacata. Apesar do colégio estadual um pouco acima e dos vários prédios construídos nos últimos anos, o lugar guarda um ar bem suburbano. Essa rua é travessa da principal avenida da região, portanto sempre preciso subir por ela para chegar até qualquer lugar relevante. Nesse caminho, sempre passo pela casa dos Bêra, em frente ao colégio, na parte plana da rua. Sim, Os Bêra. O gentil apelido foi dado pela bondosa molecada da rua para uma volumosa família de caminhoneiros vindos do Nordeste, que estacionam -desde tempos imemoriais- seus grandes veículos cheios de ferro e aço na rua, estreitando toda a passagem da via. Bêras, de "Beira de Estrada".

Lembro que quando criança, havia um garoto da casa com idade parecida, o Telo. Jogávamos futebol na rua ainda de terra (uma ladeira!) e ele tinha um jeito um tanto peculiar. Um garoto de 10 anos meio barbudo, troncudo... era desproporcional aos franzinos boleiros da rua e falava de um jeito estranho. Esse garoto em uns 5 anos já era pai. Dez anos depois parece um tio de 40 e tantos! E a pequena casa daquela família foi crescendo conforme as gerações passavam por ali. Tinha um ar meio de família Buendia, sabe? Gerações passando o tempo todo bem aos nossos olhos. O patriarca dos Bêra era um velhinho de chapéu de palha que ficava à beira do portão, sentado numa cadeira por horas e horas, calado e com aquele ar distante. Então certo dia ele não estava mais lá. Alguns meses depois, era a esposa do velhinho que ocupava aquele lugar com a mesma olhar alheio a tudo. Tempos depois, era o genro dele que lá estava... e da mesma forma!

Nos últimos meses, não notei mais ninguém naquele portão até que hoje lá estava a esposa desse genro (filha do velhinho, pra ficar mais claro). Ela também já está enrugadinha e olha para o nada, meio que esperando o inevitável, meio que pensando alguma coisa que eu gostaria bastante de saber o que é. Eu vejo cada vez mais bebês e grávidas dessa casa que cresce organicamente. Vejo cada vez mais crianças virando jovenzinhos ali. E jovenzinhos tornando-se Bêras e chegando a inevitável idade de comandar aqueles caminhões enormes que fodem com a passagem da minha rua. Se eu encontrar o Telo no lugar da velha, acho que vou finalmente entender que o tempo passa mais rápido do que eu pensava.

sexta-feira, julho 13, 2007

o bloco de notas esquecido no Sesc Pompéia

Eu esqueci meu bloco de anotação no Sesc Pompéia quando fui entrevistar o Laerte. Consegui uma boa entrevista e perdi aquele monte de papéis com idéias, e-mails e um texto enorme que escrevi pra postar aqui no blog. Um texto sobre minha avó. Talvez eu volte a escrever isso... mas a vontade de falar dele veio de um lance meio sensorial... estava num ônibus e senti o cheiro do mesmo creme que ela usava quando eu dormia vários dias na casa dela. Isso despertou tanta lembrança boa. Espero não ter esquecido tudo o que queria dizer. E que quem encontrar esse bloquinho goste do que ler por lá!

quarta-feira, julho 11, 2007

pão com manteiga

-Você é louco! No que você estava pensando quando decidiu amar assim sem culpa, medo ou desconfiança?
-Ai. Tinha me esquecido que isso era pré-requisito... agora me traz um pão com manteiga, por favor.

sexta-feira, julho 06, 2007

João Rock - parte 2 de 2 - Mutanteeeeeeeeees!

Finalizando esse papo de João Rock, eis a segunda e última parte da matéria que fiz para o Programa Em Cena, de Dani Tesolin. A matéria foi feita com a produtora Luiza, o cinegrafista Karolita e teve edição de Gabi Borges. Hope you like it.

quinta-feira, julho 05, 2007

João Rock - parte 1 de 2

Conforme prometido, eis aí a primeira parte da matéria que fiz sobre o João Rock. Aguardem que na segunda parte tem Mutantes! \o/

terça-feira, julho 03, 2007

vai indo na frente, tá?

Perdão. Eu juro que irei atualizar esse blog até sexta! As coisas andam bem boas, mas o tempo anda bem escasso! E tô babando lendo "Crime e Castigo". É isso.

=)

quinta-feira, junho 28, 2007

o mangue da memória

Depois de ouvir da "Lama ao caos" duas vezes seguidas, ela foi rumo ao pântano de sua memória no início daquela noite. Era um mangue, mas ela queria que fosse pântano e por isso o era. Usava apenas um vestido azul desbotado e um colar de mágoas. Ela vai deleitar-se para sempre chapinhando naquela lama de mangue ilusório. Não é a lama como a dos dias da manguetown, mas ainda assim basta para acalentar seus anseios de caranguejo. Caranguejo de pântano, não de mangue.

quarta-feira, junho 27, 2007

manda mais uma gelada, Toninho!

Cabelos cacheados. Pele branquinha. Sorriso ingênuo e cara de menina. Tentadora. Eles flertam, mas ela namora. Disfarça e vai embora. Talvez nem tenha estado ali. Talvez precise de mais um trago.

terça-feira, junho 19, 2007

João Rock - parte 2 de 2


Olha aí o Mutano e os Caetantes!





Chorão em primeiro plano e ali no cantinho Don Rodrigone, de camiseta vermelha e Luzia do lado esquerdo



***


Previously on Lost: D2 faz showzaço. Samuel Rosa me conta sua visão sobre a decadência da indústria fonográfica, seu interesses por festivais como o João Rock e pelos Mutantes. Charlie Brown finalmente vai falar com a gente.


*aparece aquela vinhetinha sombria do Lost e a história segue em frente *


“Gente, o Chorão vai falar só pra TV. Três perguntinhas pra cada veículo. Vamos rápido, tá?”, avisa a assessora. Ok. Será suficiente. Somos a segunda emissora a entrar no camarim da banda. Chorão atende nossa equipe de forma bem amistosa. Ele fala animadamente, enquanto é observado pela sua banda recém-reformulada. Todos demonstram-se simpáticos. O vocalista conta o que espera do show, da honra de participar de um festival com os Mutantes e de seu irmão. Sim, eu conto que conheci o irmão dele, que se apresentou como um cara de Santos com uma banda chamada Conteiner. Nome apropriado para um grupo da cidade portuária. Entreguei o cd para a diretora de um programa do canal (a amada amiga Mari Veltri) que disse que a voz do cara era idêntica a do Chorão. Falando com ele ao telefone, descobriu que eram mesmo irmãos. Chorão me disse que sempre apoiou o cara, mas não facilitou seu caminho e, portanto, o que conseguisse seria mérito dele próprio. Antes de sairmos, a produtora Luiza relembra Chorão do tempo em que foram vizinhos. O sorridente roqueiro papeia animado com ela enquanto a produtora da banda e assessora descabelam-se pedindo para nos retirarmos. E nosso empolgado cinegrafista mais uma vez não controla a tietagem e ameaça pedir para tirar foto... sou obrigado a puxá-lo pelo braço e carinhosamente ameaçar castrá-lo.

Ficamos ali no backstage até nos informarem da coletiva do Marcelo D2. Mais uma vez o esquema seria o da péssima e intransigente coletiva de imprensa. Novamente me recusei a participar. De olhos bem vermelhos e desatento, D2 falou baixo e pouco animado. Mal pude ouvir. Mas o show dele já tinha sido suficiente para agradar imprensa e fãs. O Charlie Brown Jr. Já está no palco. Chegamos no gargarejo lá pela terceira música. No fundo do palco, uma mini-pista de skate e dois moleques mandavam ver nas acrobacias. No palco, Chorão canta canções bem recentes. E chama D2 ao palco para dar uma força. Eles ficaram juntos durantes umas três músicas. E D2 está radiante de novo. A dupla leva a multidão ao delírio. A molecada, como Chorão insiste em chamar o público (talvez com razão), realmente mostrou que aquele era o momento mais esperado pela maioria. Logo, hits mais antigos que achávamos bacaninhas (pelo menos eu achava) quando tinha uns 16, 17 anos foram tocados. Dali fomos até um estande no estádio onde estava sendo divulgado e vendido o livro “A volta dos Mutantes” (Paula Chagas Autran, ed. Publisher). Seguindo a dica da gatíssima moça responsável pelo estande, entrevistei a mãe da autora, que fez parte do staff da banda em sua primeira formação. Ela contou detalhes e curiosidade sobre a caprichada edição. Obra imperdível para fãs da banda, como eu. Lá fiquei conhecendo quem é a Virgínia homenageando na música homônima, minha favorita. É a irmã de Rita Lee. E Rita Lee? Rita Lee foi passeaaaaaaaa-haharrrrr. Vinte anos, namorar talveeeez.

“Pessoal, é hora de falar com o pessoal do Luxúria”. “Coletiva?”, pergunto. “Então, ela vai dar coletiva, mas depois vai falar separadamente”, explica-me uma assessora. Lá fomos nós. Só que quando chega a hora das exclusivas, somos avisados de que os Mutantes estão subindo ao palco. Sinto muito, Meg. Você é linda, charmosa e faz um som bacana, mas eu não posso perder nem um pouquinho do show dos Mutantes. Avisam-nos que a banda vai fazer uma surpresa logo no começo da apresentação. Hmmmm, tá ficando ainda mais interessante. Chegamos no gargarejo mas ainda esperamos quase 15 minutos pela banda. Eles entram triunfais sob o som da “marcha” Dom Quixote. Eu esqueço que estou trabalhando e só me divirto. Um hit atrás do outro. Mas hit, em se tratando de Mutantes, é algo que ainda assim só uma minoria conhece. Percebo que, mesmo ali no gargarejo, poucos cantam. Mas quase todos se encantam (exceto aquela molecada xarope com cara de tédio apoiada em parte da grade... que morram todos!). Todo show dos Mutantes me parece histórico, mas esse teve um agravante: eles dedilharam Baby e então trazem ao palco Caetano Veloso. O nervosismo da banda e do próprio Caetano são notórios. Décadas e década depois, aquela prolífica parceria volta a acontecer. Baby, baby, a quanto tempo! Baby, babyyyyyyy... a emoção passa do palco para boa parte do público. Todos pedem “mais um”, “mais um”. Não rola. Mas eles ainda cantariam muito coisa boa.

Zélia Duncan observa aquela meia dúzia no Gargarejo cantando sem parar (eu no meio, claro!), até que fixa o olhar em alguém e sorri. Era Chorão, babando diante dos deuses. Sérgio Dias e Zélia realmente devem ter ficado bem contentes com a reverência e alegria do fã ilustre. Sérgio sola diabolicamente, mostrando porque é um dos mais respeitados guitarristas do mundo. Eles canta Virgínia.E trazem o sol de janeiro de volta. Embalam o Cantor de Mambo com o encantadoramente louco Arnaldo Baptista. Andam meio desligados (para muitos, essa era aquela música da novela!), buscam o train in Tecnicolor, cantam Minha Menina (sacanas!)e Batem Macumba. Em Top-top, voltam à versão original e gritam “Sacanagem” em vez de “Sabotagem”. Nos anos 60, a Censura vetou a terrível palavra “Sacanagem”. Os ingênuos carrascos não perceberam o teor subversivo da palavra “Sabotagem” e deixaram passar essa. Só que agora novamente é Sacanagem. E eu quero que você se top, top, top, uh!!

E, como não podia deixar de ser, entoam a Balada do Louco. Essa todos sabem de cor. E tenho que me ligar a todo momento para verificar se meu cinegrafista está gravando ou flertando mais um vez uma jovem fotógrafa ou menininhas assanhadas da platéia. A noite termina para as pessoas da sala de jantar com Panis et circenses. Chorão grava esses momentos com uma supercâmera HDV. Karolito grava com uma miniDV para o Programa Em Cena e ainda consegue aquela foto com o sr. Big Cry. Eu, humildemente registro uns trechos com a camerazinha VGA do meu celular. Intenso e rápido. Sem bis, sem Caminhante Noturno, sem Jardim Elétrico. Paciência. “Parece que não vai ter nem coletiva”. “Ahn?!?!?!?!”

É. A esforçada produção do festival tenta a todo custo garantir que a banda fale com a imprensa. Em se tratando de Mutantes, mesmo uma coletiva já está valendo. A tenebrosa produtora da banda decide liberá-los por 5 minutos. Pseudo-jornalistas bêbados e semifotógrafos são maioria ali. Perguntas imbecis e previsíveis começaam a ser feitas. Até que eu (modéstia é o caralho!) tomo a palavra e consego fazer minhas perguntas. Aliás, tenho plena convicção de que eu e apenas mais umas duas pessoas perguntamos coisas interessantes. Sérgio e Zélia respondem olhando em nossos olhos. Ser encarado pelo sr. Eterno Mutante faz tremer as pernas, mas deixa extasiado ao mesmo tempo. Eles falam da alegria de cantar com Caetano quase 40 anos depois. Falam da fantástica banda de apoio que, segundo Dias “fez nosso som finalmente soar como nos discos”. Aquela loirinha bonita no backing vocal ajuda a resgatar o agudo necessário que a esforçada e surpreendente Zélia Duncan não pode oferecer. Eu estava convicto de que mandaria tudo às favas e pediria uma foto com Sérgio ou Arnaldo. Só que a adorável produtora da bandas encerrou a coletiva e arrastou todos para a van. Não tive a menor chance. Era o fim de um festival memorável em Riacho Escuro, como Arnaldo Baptista batizou a cidade que recebeu a última apresentação da banda antes de seu triunfal retorno no Barbican Hall, em Londres, ano passado.

Fãs ardorosos ficaram para ver a boa apresentação do Luxúria. Mas já passam das 3 da manhã. E não dá mais mais pra ficar por lá. Esperamos pela van para voltar ao hotel. Demorou um bocado. Comemos crepes por um preço extorsivo e vimos colegas jornalistas flertarem com mulheres de um, digamos, design desarrojado. “E aí, minas, onde que é a balada aqui”, pergunta um dos rapazes. “Ué, nós somos a balada”. Ok. Eu quero voltar pro hotel. Voltamos. Voltei papeando com uma graciosa repórter, que voltaria para sua cidade horas depois. Estávamos podres e sujos daquela terra vermelha do chão do entorno do estádio do Comercial.

Karolito ainda conseguiu convencer uma turma a ir passear. Saíram às 4h30 da manhã, quando deitei pra dormir. Acordei às 10h e ele não esta lá. Tomamos café e passeamos ali pelo centro da cidade, onde fica o hotel. Vimos a prefeitura, praças, chafariz e, claro, o lendário bar Pinguim. Mas já estava na hora de partir. A van nos deixa na Paulista por volta das 5 da tarde. Para não ser tudo perfeito, esqueço uma mala no banco da van. Devo retirá-la ainda essa semana. Ao chegar em casa, vejo no Fantástico um trechinho da participação do Caetano com os Mutantes. É, valeu mesmo a pena ter ido ao João Rock. Vou tentar colocar a matéria do Canal até dia 29 no Youtube. Se realmente rolar, divulgo o link aqui. A matéria , como foi dito num comentário no post anterior, pode ser visto no Programa Em Cena, com a diva Dani Tesolin. That's all folks!

(ah, em breve colocarei mais umas fotos por aqui! só estou aguardando me mandarem...)

domingo, junho 17, 2007

João Rock - parte 1 de 2

Sábado, 16 de junho de 2007. Acordo às 5h da manhã para encontrar a minha querida produtora Luiza -Luzia- Xavier e o meu pitoresco cinegrafista Karolito Wojtyla no Canal de São Paulo, onde trabalhamos. De lá fomos até a av. Paulista, onde um micro-ônibus vai levar jornalista, fotógrafos e cogêneres até Ribeirão Preto. Estamos indo ao João Rock, tudo pago pela competente produção do evento. Depois de algum atraso, saímos às 8h30. Durante a viagem de pouco mais de 4 horas, chegamos na bela e quente (muito quente) Ribeirão Preto. No caminho para o restaurante, vimos um viaduto chamado "Presidente Sarney" e isso certamente me chateou. No restaurante conhecemos a intrépida líder das dezenas de assessoras do evento, a srta. Joelma. Recebemos as devidas coordenadas e rumamos para o hotel. O festival iria começar às 16h, tempo suficiente apenas para aquele banho rápido. No hotel, fãzocas aguardavam alguma estrela chegar (já que elas ficariam no hotel do lado). Rumamos para o estádio do time do Comercial, onde acontece o João Rock. Lá, gravaríamos uma materia para o Programa Em Cena. Gravaríamos não, gravamos.

Por quê João Rock? "Quando pensamos na criação de um festival no interior, pensamos primeiro num lugar em forma de bateria. Depois fomos pensando em quanto 'Jõoes' não existem no rock, principalmente na bateria.", me explicou Luid, um dos idealizadores da festa. Já no estádio recebemos pulseirinhas para os bastidores para camarotes exclusivos com bebida à vontade (não que jornalista goste de cerveja de graça, claro) mais a devida credencial. Na área de backstage, ficavam as tendas armadas como camarim das oito atrações do evento:

-NXZero
-Cidade Negra
-Skank
-Pitty
-Charlie Brown Jr
-Marcelo D2
-Mutantes
-Luxúria

Desde o início, não achei a lista de bandas muito promissora, mas tinha Mutantes! Isso bastava para ter certeza de que seria um festival interessante naquela cidade interiorana e quente. O nariz torcido para alguns desses nomes é chatice da nossa parte. Isso se comprovou ao vivo. No começo, os jornalistas ficaram no backstage, quase em frente aos camarins. Dali, vimos os moleques do NXZero entrarem para o delírio de menininhas extasiadas. Um tempo depois, o acesso a esse espaço ficou mais difícil. Um portão separava a área destinada à coletiva de imprensa dos camarins, e outro do público em geral. Saíamos dessa área reservada para a sala de imprensa, camorte, para o gargarejo e para o meio da galera, claro. O show do NXZero gerou gritinhos estéricos e cumpriu seu objetivo. O vocalista ainda incentivou a molecada a montar banda, ir atrás do sonho e todo esse papo edificante. Quando voltamos para entrevista pós-show com a banda, as jovens senhoritas imploravam "Ai, moço! Me dá esse seu colarzinho". Elas queriam de qualquer forma agarrar os rapazotes da banda. "Não posso. Mas eu aviso que você mandou um beijo, tá?", dizia eu maldosamente.

Quando entendi que não seria entrevista que faríamos, mas sim coletiva, desisti de falar com eles nesse esquema. Uma garota de uns 16 anos foi selecionada pela produção do evento para entregar uma doentia carta de "eu te amo" com 70 metros de comprimento. Aí entendi que isso me interessaria e Karolito pôs-se a gravar. Falamos com a fedelha e gravamos a entrega da carta. Aí consegui uma pergunta exclusiva com o vocalista "Vocês tem um lance mais roquenrrou... como lidar com essa tietagem meio estranha no mundo roqueiro?". `Político, ele disse que toda manifestação de carinho é bem-vinda e que fica feliz em tocar num festival tão diversificado. Então tá. Uma repórter bonitinha desafiava o tempo quente e sem vento de Ribeirão com seu vestidinho sumário prestes a mostrar partes indevidas do corpo.

Na seqüência veio Cidade Negra. Banda que eu achava legal quando tinha doze anos. Skank e Cidade Negra. Eu adorava as duas. Cresci, e o som da banda de Toni Garrido não me empolga há muito tempo. Eles fizeram uma apresentação OK, com seus hits e alguns covers. Até me vi cantarolando "Você sabe, o sentimento trai, o bom sentimento não trai". Mas disfarcei e ninguém percebeu. Ao fim do show, estávamos no backstage. Após a apresentação de cada banda, uma repórter bem fraquinha da rádio patrocinadora do evento fazia uma exclusiva com a pessoa. Assim que Toni Garrido respondeu o óbvio, a imprensa já o cercou para uma coletiva forçada ali mesmo, como deveria ser. Assim pude questioná-lo sobre o que pensa de toda a diversidade do festival, que abriga coisas tão absurdamente distintas. Toni saiu-se muito bem. Disse que o que mais gosta nisso tudo é a mobilidade de um ano ser atração principal e anos depois ser mero coadjuvante. Falou da diversidade e, claro, falou bem dos Mutantes. Já era noite na simpática cidade de Ribeirão Afro-descendente.

Após o intervalo entre show, foi a vez do Skank tocar seus sucessos. Esses mandam bem ao vivo. Muitos torcem o nariz para a banda de Samuel Rosa. Acho injusto. Apesar de não serem gênios, fazem um sucesso descompromissado e que funciona bem ao vivo. Principalmente quando a gente está lá numa boa no camarote tomando cerveja de graça (trabalhando, claro). Mas logo do começo do show, tivemos que correr pois resolveram antecipar a entrevista da Pitty. "Mas vai ser só coletiva de 15 minutos". E a coletiva acontecia numa tenda tosca, sem estrutura alguma e com mesas de bar. "Mas eu não posso coletiva assim. Ela é só uma pessoa. Vamos fazer 5 minutos pra TV e 10 pro restante. "Não, a produtora dela não quer". Ok. Desliguei meu microfone. Pedi para a produtora que também negou e sugeriu: "Se eu fosse você, gravaria a coletiva". Simpaticamente (mentira) disse que se ela não puder nos atender direito, eu não teria como gravar. Perdi a Pitty. Mas pude observar como ela realmente é gata. E mostraria que cresce muito no palco, quando finalmente pode se livrar das amarras de marketing que tanto a perturbam e a ajudam a fazer sucesso. A mesma coisa quase se repete na entrevista do Skank. Como só tinhamos mocinhas simpáticas de TV gravando, cabeu a este escriba barbudo a missão de pentelhar as simpáticas assessoras em busca das entrevistas exclusivas. "Eles não vão dar entrevista exclusiva pra ninguém". Ahn... pentelhei a suyper Joelma e consegui sorrateiramente ficar num local estratégico para abordar Samuel Rosa. Solícito, ele respondeu as perguntas empolgadamente. E falou dos Mutantes, claro. Nessa hora rolava o show da Pitty. Nosso cinegrafista pirou, justificadamente, pelos atributos da moça. E não é que o som dela tem uma pegada bacana ao vivo? Pesado, com letras bem construídas. Uma boa pedida pra um adolescente.

A próxima coletiva é a do Charlie Brown Jr. Aquela banda que a gente gostava em 1999, lembra? O cara louco que esmurrou o Marcelo Camelo. Pois é. Todos esperando, mas eles ainda não estavam lá. Já era hora do show e também não estavam lá. Anteciparam o ótimo Marcelo D2. A sempre eficiente Luzia perdeu, pela primeira vez, a compustura, e se esbaldou merecidamente naquele showzaço do ex-Planet-Hemp. Ele manteve o respeito, achou a tal da batida perfeita e agradou negos e baianos, gregos e troianos. Numa ótima sacada, trouxe o... (qual o nome que se dá pra um cara que faz todo tipo de instrumento com a boca?) enfim... o Fernandinho Beatbox. E mandaram muito bem os dois. Até o toque de "Seven Nation Army" Beatbox faz com boca. Foda, essa é uma boa e polida definição.

Já no finzinho, somos avisados de que Chorão e sua trupe já estão prontos pra falar. E vão dar entrevistas individuais só pra TV. Ah, como é bom ser chato! Luiza foi vizinha de Chorão e garantia que o figura era legal. Eu ainda tinha dúvidas. Entramos e ele realmente mostrou ser um cara bacana, atencioso. E isso seria confirmado durante o restanto do festival, conforme contarei depois. Isso aqui já está muito grande e desconfio que ninguém terá saco pra ler. Conto sobre a entrevista com Chorão e sobre o D2 e Luxúria depois. Ah, claro, conto também do momento em que conversei com deuses: Os mutantes.

sexta-feira, junho 15, 2007

meta, física!

Certa manhã, após relembrar o que ouvira na tarde anterior, Evaldo Rubens percebeu estar com a alma inteiramente despedaçada por uma razão absolutamente tola. Sublimou lágrimas, resmungou blasfêmias. Escreveu num papel um nome que riscou até a miserável folha rasgar. Pegou o telefone, pediu uma pizza. Decidiu aprender japonês. E os cacos foram juntados. Mochi mochi, Evaldo Rubens!

o sábado anterior

Não podia haver dor maior do que aquela que sentira naquele sábado anterior. O coração dilacerado de saudade, o pensamento sangrando lembranças felizes. E uma prisão de ventre filha da puta.

segunda-feira, junho 11, 2007

ah, são seus olhos!



Fui premiado! Simbolicamente, mas ainda assim um prêmio animador. O blog da adorável jornalista Marina, o lebalmasque.blogspot.com, colocou este espaço na lista dos 5 blogues que fazem pensar. "Thinking Blogger Award" é o nome da premiação. De acordo com a regra do The Thinking Blog, agora eu devo indicar cinco blogues. O diabo dessas listas é a quantidade de coisa boa que fica de fora. Tentei ser daqueles jurados babacas e imparciais que tentam premiar quesitos técnicos e abstratos, nesse caso a tal história de “para pensar”. Aos não-laureados, minhas desculpas. À lista, pois.

1- Fogo nas entranhas: Blog da jornalista, tradutora e assassina de aluguel Gabriela Franco. Gabi é uns metros quadrados pensantes mais incríveis que conheço. Escreve acidamente bem, articulada, adora quadrinhos, é roqueira e tatuada. Ler seu blog informa, faz rir e pensar bastante.

2- Movimento Incerto: Pouco atualizado, é fato. Mas a jovem senhorita Ana Davids consegue ser de uma intensidade tão absurda em seus textos... entro semanalmente nesse espaço, mesmo sabendo que as atualizações variam entre quinzenal e mensal. Faço isso pois sei que quando atualizar, Ana fará uma enxurrada de sensações. Melancolia e incerteza. Lirismo puro. E líquido.

3- Resmungos e Insanidades – O caótico senhor Rodrigo – Chapolim – Abrahão é da liga dos imortais jornalistas-bancários-alcoolatras. Companheiro de TCC na faculdade, esse boêmio rapaz nos premia com textos de um humor peculiarmente... ahn, peculiar. Beatnik até não poder mais.


4- Le bal masqué: Marina escreve bem e sobre tudo. Faz mini-contos, analisa filmes e contas histórias. Talvez histórias pessoais, talvez ficcões. Provavelmente as duas coisas. E tive a honra de ser citado lá.

5 – Casa da Lagoa: O olhar do paulistano Ferdi sobre o Rio (aquele, de Janeiro mesmo, confuso e belo)... Apesar de falar principalmente sobre a cidade maravilhosa, o blog consegue transformar o particular em amplo, tornando-se uma leitura sempre interessante e bem informativa.



***

Preciso fazer menção honrosa para três blogues que visito semanalmente e adoro:
Relaxei demais, da diva Dani Tesolin
Blog da intrépida Raquel de BC
Blog do fanfarrão Rui Minharro

segunda-feira, junho 04, 2007

Manifestação

Saiu para protestar como se fosse o único. Se pintou e se arrumou como se fosse ato cívico. Passou na catraca o seu bilhete único. Chegou na praça em fúria quase que por último. Gritou e se expressou como se fosse um louco. Berrou e empurrou ainda achando pouco. E até ergueu no ar faixas de protesto. Xingou e difamou como um político honesto. Tentou fugir do tumulto apavorado como se não ligasse para o resto. Levou pancada da polícia e tapão no coco. Tijolo, até tijolo num confronto tosco. Caiu de sopetão como se fosse um bêbado. Beijou o chão de asfalto como se fosse amante. E gritou delirante embaixo da multidão. E sufocou seu berro lancinante e pisoteado. Acalentou seu pranto santo de gás lacrimogêneo como se ninasse um pássaro. Com olhos desbotados de um passado de culpa... Morreu pisoteado em plena manifestação.

Saiu para manifestação como se fosse ato cívico. Se pintou e se arrumou como se fosse único. Divulgou na praça o seu bilhete de fúria. Gritou e catracou como se fosse amante. Apavorou-se de sopetão com a multidão lancinante. Sufocou seu berro com um tijolo santo . Acalentou o tumulto como se não tivesse culpa. Xingado e difamado, deu um tapão no bêbado. Se arrependeu de tudo como um político nato. Morreu então pisoteada a idéia de protesto.

sexta-feira, junho 01, 2007

Pesado, pesado, sublime.

É. Eu vi e ouvi Bellrays. E peguei na mão daquela negona genial quando ele desceu do palco e cantou exatamente onde eu estava. Intenso, hardcore, dançante, sublime. Tudo isso ao mesmo tempo. Jazz, punk, soul. Lisa Kekaula é uma diva. E só podia ser negona pra conseguir ter uma voz tão viceral assim. E os caras da bandas tocam pesado, "lá embaixo" como diria o saudos Mr. James Brown. Ver uma banda desses num espaço pequeno como o Inferno club é um privilégio... a energia emanada do Bellrays é algo fora do comum. Valeu encarar uma madrugada gelada de quinta para sexta-feira pra vê-los (mesmo tendo dormido menos de três horaS). E simplificando a história toda. Eu vi Bellrays ao vivo e você não! Lero-lero!!!!

terça-feira, maio 29, 2007

The Bellrays - Blues is the teacher, punk is the preacher



Meninos e meninas, se tudo der certo, nessa quinta-feira verei “The Bellrays” no clube Inferno, na Rua Augusta, aqui em Sampa. Trata-se de uma genial banda californiana que descobri dia desses e que está chegando por essas bandas. Os especialistas os comparam simploriamente como um cruzamento rock n' soul de Tina Turner com MC 5 ou Stooges com Aretha Franklin... obviamente pelo vocal fodástico da vocalista Lisa Kekaula. Eu descobri esse som faz pouquíssimo tempo, mas pelo que ouvi dizer, a perfomance de palco da banda é qualquer coisa fora do comum. Os ingressos para o show podem ser comprados antecipadamente na quarta-feira após às 14h, por 35 reais. No dia custarão 50 paus. Mais informações no site www.infernoclub.com.br. Ou em www.thebellrays.com ou ainda escute um sozinho deles no youtube:
http://www.youtube.com/watch?v=QIxMLbxeo64.

Na sexta-feira eu conto (caso realmente consiga ir) como foi.

PS: Uma banda cujo slogan é "Blues is the teacher, Punk is the preacher", merece respeito.

Pra quem quiser saber mais, uma nota interessante do site www.rockpress.com.br:


THE BELLRAYS NO BRASIL


"Tal combinação sonora poderá ser conferida em duas datas no país: no dia 31 de maio, no Inferno Club, em São Paulo, e no dia 2 de junho, no Festival Porão do Rock (ao lado do Mudhoney), em Brasília.

Formado em 1990, em Riverside, Califórnia, pela vocalista Lisa Kekaula e pelo guitarrista Bob Vennun, começaram produzindo soul music com improvisos de jazz e blues. Com a entrada do guitarrista e compositor Tony Fate, Vennum passou para o baixo, e o grupo agregou o som pesado de Detroit do final dos anos 60 e começo dos 70, além da urgência do punk rock californiano. Com a passagem de vários bateristas, a formação se estabilizou com o ingresso de Craig Waters.

Em 1993 eles lançaram seu primeiro trabalho, o cassete In The Light of The Sun, que ganhou versão digital em 2002. Desde então, saíram mais quatro álbuns, quase todos gravados ao vivo no estúdio para, segundo os próprios, preservar a energia de suas apresentações. Mais elaborado, o último disco, Have a Little Faith, aguarda lançamento nacional pela Gabeira Records.


A banda já realizou shows ao lado de nomes variados como Rocket From The Crypt, Thievery Corporation e Pixies, enquanto Lisa Kekaula emprestou sua versátil voz para performances com o reformado MC 5 e gravações com Crystal Method e Basement Jaxx.

A difundida descrição de sua música, comparada a um cruzamento de Tina Turner com MC 5 ou de Aretha Franklin com The Stooges, oferece apenas uma idéia do que vem por aí, pois os BellRays ostentam a fama de apresentar um dos espetáculos mais explosivos da atualidade. (Sergio Barbo)

Discografia: Let It Blast (Vital Gesture,1998), Grand Fury (Vital Gesture, 2001), In the Light of the Sun (In Music We Trust, 2002), The Red, White and Black (Poptones, 2003), Have a Little Faith (Cheap Lullaby, 2006)"

sexta-feira, maio 25, 2007

pensamentos umidos

Chuva, chuva, frio. “Caralho, que tempo de merda”, ponderei. Era quarta-feira, eu estava na Vila Belmiro, em Santos, todo molhado, assistindo a um jogo e ainda assim trabalhando. Frio, frio, chuva. Ainda bem que levei mais um par de meias.

terça-feira, maio 22, 2007

A moça que não olhava para trás

Ela não olhava para trás. Não importava como nem quando. Não importavam os momentos vividos antes, não importava a saudade, nem o ciúme ou ressentimento. Ela simplesmente não olhava para trás. Nem mesmo naquele dia em que a carreta desgovernada veio na contramão e a acertou em cheio. Levou sua presunção, seu charme, sua vida. Mas não levou seu orgulho de nunca olhar para trás.

sexta-feira, maio 18, 2007

petit gateau... Oh lá lá ma copine!

Elle s'appelle Fleure. Elle est une fille très-jolie et très-intelligent. Je pense que je suis amoureux d'elle. Un petit peu. Est-ce-que elle aime moi? Je ne sais pas, Je ne sais pas. Ah, bof! **e começo a cantarolar: Rien, de rien... non, je ne regrette de rien**

(treinando meu pobre e capenguíssimo francês para quem sabe um dia escrever frases bacanas nesse adorável idioma... até lá aguentem frases desconexas... hehehe... é tão divertido aprender uma língua inteiramente nova e diabolicamente sensual)


****

Uma dúvida pertinente... alguém tem explicação sobre por qual razão "Mènage" significa "limpeza" no dicionário de francês?!

quarta-feira, maio 16, 2007

migalhas

Restou tão pouco. E ainda assim ele se lambuzou. Tolo. Não percebia que aquelas eram migalhas de compaixão. Ele entendeu paixão. E achou que isso bastava. O que ele sentia seria suficiente para os dois. Ela concordou e os dois se casaram. Tiveram filhos, dívidas e ressentimentos. Uma casa repleta de memórias capengas, de sonhos reprimidos e arrependimentos armazenados em conserva. Filhos que se foram, dívidas sanadas e ressentimentos apaziguados. E aquelas migalhas de piedade agora não eram mais só dela.

sexta-feira, maio 11, 2007

que se Dani o amor!

O nome dela é Daniela. Ela é uma jornalista linda e loura. Sua gargalhada é marcante e os rapazes sempre olham “disfarçadamente” de canto de olho quando ela passa, mas isso não vem ao caso. Daniela é encantadora porque em pleno século XXI tem a capacidade de sofrer por amor (ou o mais perto disso que um ser humano moderno é capaz de sofrer). Pessoas que sofrem por isso merecem certo respeito. Mas não pense naquele óbvio e tolo sofrimento clichê, piegas. Ok, talvez um pouco clichê, já que isso é natural das “coisas do coração”. Mas ela sabe que encontrou o homem certo para sua vida. E ela sabe que ele também sabe que ela é a mulher certa. E os dois não estão juntos. E ele erra com ela. E ela torna-se injusta com ele. E eles escapam pelos dedos e se perdem. Ele sabe que não pode magoá-la, iludi-la. Mas, porra, ele gosta dessa mulher, desse cheiro, desse corpo. Só que ele não sabe se é um gostar suficiente, se dariam certo pra sempre. Talvez por isso teorize tanto. E ela está mais uma vez confusa. Ou talvez o óbvio seja tão latente que ela prefere refletir muito mais. Mas ela só reflete no espelho. E o que vê é uma jornalista linda, loura e confusa. E ela quer saber o que eu acho (não que isso realmente importe para ela). Eu acho que você vai ser muito feliz em breve, Dani. É só não pensar muito nisso. Talvez decisões não devam ser tomadas, Dani. Talvez devam ser tragadas pacientemente. Ou talvez tomadas num gole só. Quem sabe?

**************





André Dahmer (www.malvados.com.br) é gênio. Não sei porque raios gostei tanto dessas duas tirinhas especificamente... talvez pelo fato de dizer tanto sem usar uma palavra sequer.

quarta-feira, maio 09, 2007

habemus fuckin Nazi Pope!

-Ricos não são doidos, meu caro Evaldo Rubens. Ricos são excêntricos.
-Entendo. Mas e aqueles famosos que seguem seitas malucas? São só excêntricos também? Mesmo que não sejam ricos?
-Ah, Evaldo. Esses são só exotéricos!
-Certo. E quanto aos pobres com problemas mentais e nenhuma fama?
-Bem, meu jovem Evaldo, esses infelizes são apenas malucos mesmo...ou então são só uns bebuns safados!
-Então fama e dinheiro definem o status social de uma sociedade?
-Brlrlrlrlrlrlrlrlmmmrrrrr!! =D

domingo, maio 06, 2007

Vida Loka, mano!



Decidi ir para mais uma Virada Cultural de São Paulo. Um dos eventos mais interessantes já criados em nossa maltratada metrópole. AS ruas decrépitas do nosso belo centro velho são tomadas por gente de todo tipo. Democrático ao extremo. Só é preciso cuidado, claro. Cuidado que um colega não teve e, por isso, teve o celular furtado. Assisti parte da apresentação de Sérgio Dias, dos Mutantes, no Boulevart São João e horas mais tarde fui convencido a ver os Racionais MCs na Praça da Sé. Apesar de sempre ter admirado a importância histórica e cultural da banda, argumentei "Racionais na praça da Sé, às 3h e de graça? Parece arriscado...". Fui assim mesmo.

O show atrasou mais de uma hora e todos aguardavam pacientemente. Pessoas se aglomeravam em cima dos telões, trepadas em prédios, em banheiros químicos, todos eles queriam uma vista melhor do show. Mas a lei não permite que pessoas se pendurem em prédios para ver show. Ainda mais um show de uma banda que odeia a polícia e cujos fãs também não simpatizam com os "opressores" homens de farda. Sem conseguir trazê-los amigavelmente ao show, a força policial passou a disparar simpáticas balas de borracha e gentis tiros de efeito moral, gás lacrimogêneo e coisas do gênero. Após um princípio de empurra-empurra, muitos já foram se afastando do tumulto que vinha da rua lateral à Catedral da Sé. Garrafadas de um lado, tiros de sabe-se-lá-o-que de outro. Corre-corre. Em sete pessoas, decidimos ir logo para o metrô. Mano Brown disse para o público se afastar e deixar a polícia fazer seu trabalho. Eles tentaram retomar o show. Não deu certo. Também disse mais alguma coisa que não ouvi. Mas nessa hora a situação já tinha saído totalmente do controle. E aquele pequeno tumulto virou um quebra-quebra. Nas bancas de jornal, nas lojinhas dentro do metrô, nas ruas. Onze pessoas presas, um monte de feridos e um show que durou menos de 25 minutos.

Meu bom amigo Edson D'assunção, já meio entorpecido, divagava sobre o momento todo... e disse uma coisa que me pareceu bem interessante. No mesmo dia e horário acontecia o badalado Skol Beats (com fiasco de público, mas ainda assim badalado). Drogas, tumulto, assédio absurdo sobre as mulheres (coisa que não se via tanto lá na Sé!). Será que a polícia interviria dessa forma grotesca e insana sobre uma multidão capaz de pagar mais de 100 reais no ingresso? Ou a lei do porrete só vale quando se trata de um show gratuito para os manos no coração da cidade? Como esses manos (poucos, a maioria estava na boa) ousam peitar a autoridade dos poliça pra ter a melhor vista possível dos MC's? Porque diabos eles quebram tudo quando acontece uma confusão? Porque é tão fácil se horrorizar e se chocar com esse povo? Porque é tão difícil perceber que tem muito mais significado nisso tudo do que supõe nosso estúpido preconceito? Trataram aquela multidão como se fossem bandidos, porque assistiam o show dos caras que falam mal do "homi". O evento foi interrompido de vez quando Mano Brown entoava sua Vida Loka. Loka mesmo, mano. Vai veno... tanto que ele próprio disse que não continuaria e encerrou a parada.

Dizem que a Virada continuou bem nos outros lugares do centro. Não quis ficar pra ver.

sexta-feira, maio 04, 2007

eu me animo com a ricota

Terracota. Terra de ricota. Cota Racial. Catota de rico. Com cocota eu não fico. Fez sentido?

terça-feira, maio 01, 2007

o choro e a cama vazia (adeus, Dona Maria!)

À 0h20 de segunda-feira, 30 de abril, Dona Maria finalmente conseguiu descansar. Antes da 1h os familiares já estavam quase todos ali, reunidos em volta da cama. Uma das filhas tinha um mórbido e providencial plano funeral, logo as medidas cabíveis pareciam ser rapidamente providenciadas. Não, não seriam. Feriado prologando, médicos viajando e ninguém para assinar o maldito atestado de óbito. Só depois do meio-dia isso seria resolvido. Enquanto o doutor assinava a papelada na cozinha, nós netos preparávamos a macarronada que tantas vezes Dona Maria fez para gente. Naquela época comiamos sentados num grande banco para comportar todos os netos. Agora não mais.

Almoçamos e precisamos convencer as tias a fazerem o mesmo. O corpo permanecia na cama onde ela passara os últimos meses agonizando e os últimos anos num sofrimento insano. Genros foram até a funerária. Nada feito. Pelas normas de não-sei-o-que, o horário não permitia agendamento de enterro para aquele dia. Velaríamos então o corpo de Dona Maria por mais uma noite em sua casa. Parentes amados ou indiferentes, gratos ou ingratos apareceram. E assim foi. Aquela senhora mãe de 12 filhos, 18 netos, 2 bisnetos, recebeu todas as devidas homenagens: o pesar da família, a ladainha das rezadeiras, a benção do padre, o conforto dos amigos. Lá pelas 3 da manhã, muitos cochilavam, outros permaneciam junto ao caixão. O cheiro do café era sempre forte e lembrava o tempo em que ela nos preparava aquele pão caseiro acompanhado do cafezinho para o adultos e limonada pra criançada.

Sentei no sofá deslocado da sala para o quarto de Dona Maria e pela primeira vez vi sua cama vazia. Só então foi possível entender que era o fim de uma era naquela família. E eu não consegui chorar. Nem naquela hora nem quando o irmão dela de mais ointenta anos veio sozinho de ônibus, amparado em sua bengala só pra dizer adeus. Passou do ponto e voltou a pé para abraçar sua irmã pela derradeira vez. Nem assim pude chorar. Talvez eu já estivesse preparado. A neta caçula de quatro anos não entendia e disse para mãe que adulto não chorava. Talvez eu tenha me confortado. De qualquer forma, eu sinto muito, vó Maria. Me perdoe por não conseguir rezar, por não acreditar nisso tudo, por não conseguir sofrer como devia. Vai com Deus. A sua bença, minha vó.
"Deus abençoe", ela me responderia baixinho como sempre. Só que agora a cama dela está vazia. E as lembranças estão todas de volta.

sexta-feira, abril 27, 2007

o segundo e último encontro

Não era do tipo que causava constrangimento quando bebia. Mas sóbria era um horror. Só que Evaldo Rubens apenas descobriria isso naquele fatídico segundo encontro.

terça-feira, abril 24, 2007

Uma história sem meio

Na tarde de 23 de abril, pouco antes de servirem o café na mesa de reunião, ele espreguiçou, levantou, xingou o gerente gordo e cretino, colocou fogo nos papéis sobre a mesa. Deu então um beijo de língua na faxineira e pediu um chá gelado. Seu enterro será na tarde do dia 25, no cemitério do Araçá. Moças devem levar um prato de salgado, e rapazes a coca-cola.

quarta-feira, abril 18, 2007

Senhor Sol, me dê de volta Virgínia!

Eu me choco quando vejo 32 estudantes mortos numa universidade dos EUA. Penso nas vidas desperdiçadas, despedaçadas e tudo mais. Mas o que há de errado comigo? Porque diabos não conseguimos olhar pro outro lado do globo e ver que no Iraque isso acontece todo dia e em muito maior escala? Que o genocídio na África continua e que ninguém dá a mínima. Quanto será que vale a vida de um desses pobres infelizes? Um morto num massacre nos EUA vale quantas iraquianos? E quantos sudaneses? Quantos cambojanos? A vida não devia ser igualmente sagrada? Definitivamente não.

O atentado em Virginia foi no dia 16 de abril. Hoje, dia 18, praticamente só ouvimos falar nisso. Mas prestando atenção leio coisas assim na Folha de S. Paulo.

“Uma série de ataques atingiu Bagdá nesta quarta-feira, matando ao menos 157 pessoas. Um dos carros-bomba explodiu em um dos principais bairros xiitas da capital iraquiana, Sadriya, matando 112 pessoas e ferindo outras cem. Aparentemente, a bomba foi colocada dentro de um ônibus”.

Mas isso não é notícia. É só a rotina que o texano maluco deu de presente para o falecido Estado Babilônico.

segunda-feira, abril 16, 2007

as técnicas de Dr. Moya pra "cura" da pederastia crônica

Don Rodrigone diz:
vc devia maneirar nesses seus níveis tão agudos de viadagem
Moya diz:
Eu esqueci de tomar o remédio, ontem...
Moya diz:
O pastor disse q tem q tomar 3 vezes ao dia...
Don Rodrigone diz:
ah, tá explicado!
Moya diz:
Será q tem igreja q vende placebo contra o homossexualismo?!?!
Don Rodrigone diz:
se tiver, quer q te compre um vidrinho?
Moya diz:
Bom.... antes vidrinho q supositório...
Moya diz:
Quer dizer, comprimido...
Moya diz:
Ninguém toma vidrinhos..
Don Rodrigone diz:
é...
Don Rodrigone diz:
mas pra curar homossexualismo... supositório seria meio arriscado
Moya diz:
Bom, seria um incentivo a mais pro cara tentar virar homem!!!
Don Rodrigone diz:
será?
Moya diz:
É a mesma coisa q um xarope sabor bosta e o outro sabor churrasco... Vc vai escolher o q te agrada mais...
Moya diz:
O pederasta escolheria o supositório.....
Don Rodrigone diz:
ahn... pq seria naquele esquema de parar de fumar fumando
Don Rodrigone diz:
faz sentido, se for ver!
Moya diz:
Isso!!!!
Don Rodrigone diz:
vou blogar isso! acho que vou terminar o post dizendo que nós respeitamos a diversidade e não somos preconceituosos... senão podemos sofrer represálias...
Moya diz:
Tanto de religiosos qto de pederastas...
Don Rodrigone diz:
e vc pode ser banido da irmandade
Moya: É... se for ve...

(extraído de uma conversa aleatória de msn... não nos processe! viva a diversidade e blá blá blá)

sexta-feira, abril 13, 2007

notícias repetidas

Evaldo Rubens está entediado. Ele abre os jornais e só consegue ver notícias repetidas. Tragédias repetidas, fofocas repetidas, trivialidades repetidas, escândalos repetidos. Evaldo Rubens está entediado com sua própria repetição. Ele quer algo novo. Ele quer escrever algo visceral. Um pequeno e genial livro, talvez. Evaldo Rubens sabe muito pouco ainda. Quem sabe em alguns anos, Evaldo Rubens. Quem sabe? Até lá ele cai na gandaia para afastar um pouco o tédio.

segunda-feira, abril 09, 2007

Megalomaníaco e herege, mas adorável

Estava cá eu pensando em coisas relevantes. Dizem que advogados acham que são deuses. Médicos costumam ter certeza disso. Mas o sujeito mais poderoso do universo é um jornalista. Sim, falo do Superman, vulgo Clark Kent. Ele tem poderes de um Deus e ainda pega a intrépida e linda jornalista Lois Lane. Também salvou a Terra inúmeras vezes, enquanto Deus mandou dilúvios para castigar a infame humanidade e pragas para sacanear os egípcios...com aquela desculpa de que fazia isso para salvar os judeus (que depois de libertados, vagaram 40 e tantos anos no deserto). O Superman não faria algo assim... ele faz até fez até o tempo voltar para salvar sua amada! Logo, percebo que é bem mais legal ser Superman do que ser Deus, que não pega ninguém nem tem visão de raio-X. Então possivelmente nós jornalistas somos até mais bacanas que Deus. E talvez possamos queimar no Inferno por isso. Ou talvez o supersopro do Superman nos salve. Só que aquela sunga vermelha é de doer...

segunda-feira, abril 02, 2007

videoclipe

Eu sou um videoclipe. Desses moderninhos, com uma profusão caótica de imagens. Mal se consegue perceber cada um desses momentos. São belos, mas passam rápido demais.A história não se desenvolve e quando vamos ver, já foi. Ora sou eu quem não me dou chance, não insisto. Ora não sou eu. Ora, vá! Hora vã. Esse videoclipe podia passar um pouco mais devagar. Onde fica o "pause"?

sexta-feira, março 30, 2007

Morte e Vida Rodrigone

Eu me lembrei do dia em que morri. Lágrimas, cigarros, culpa e desespero. Aquela intransigente sensação de perda para todo sempre. Desamparo. Acordei e fui tomar café. Deus, como eu odeio café.

segunda-feira, março 26, 2007

memórias daqueles longos anos de um jovem perdedor

Hoje eu vou jogar futebol. E não estou mais preocupado com inaptidão para esse esporte. Durante anos tive de me contentar em ser feliz apenas jogando bola na rua (onde eramos todos iguais) já que na escola, os bonzões definiam quem fazia parte do time. Era degradante mas, por fim, resignante. Ao menos sempre tinha uns dois panacas a serem escolhidos depois que eu era. Triste foi o dia em que escolheram até o gordinho mais tosco da sala antes de mim. Aí mexeram com meus brios. Fui lá e mostrei do que era capaz: um gol sem querer em cima do goleiro zarolho e um futebol esplendorosamente ruim. Isso se seguiu durante toda minha tenra juventude. Mas ser um loser na infância tem grandes vantagens na vida adulta. A gente precisa aprender a ter qualidades, a se esforçar pra ser bom... a impressionar garotas por outras coisas (eu não conseguiria impressioná-las nos meus primeiros 18 anos de vida, acho, mas até aí não vem ao caso).

No colegial, ainda era o fedelho, o motivo de chacotas: aquele moleque magrelo, mais novo da turma, alto, desengonçado e tímido. Os “legais” eram caras até realmente bacanas... mas sozinhos... quando se juntavam, infernizavam este pobre otário para mostrarem como eram divertidos. Até que um dia consegui certo respeito. Fomos participar do campeonato intercolegial. Só que esses sujeitos eram jogadores horríveis e nosso time mal completava cinco pessoas. Eis que eu era indiscutivelmente titular... e visto com toda aquela desconfiança. Só que para calar a boca de todos, faço um gol e cavo um pênalti. Pego a bola e digo que vou bater. Tomo distância e encho o pé. O goleiro defende e nosso time perde de 12 a 1. Com um gol meu. No outro dia fui parabenizado por todos os colegas que souberam da façanha futebolística do loser da sala. Talvez depois daquele dia tenham passado a minimamente me respeitar. Mas é provável que não. Só que desde então consegui pequenas vitórias... tardias, mas ainda assim vitórias! Vitórias morais, talvez. Como aquela vez em que consegui ficar com minha primeira paixão de escola (eu tinha oito anos) quase quinze anos depois. Isso foi bem legal. E hoje eu vou jogar bola. E mesmo correndo o risco de ser um desastre, sei que sou um cara bem bacana. Ou talvez nem tanto assim. Mas vou marcar um gol com minha chuteira nova. E vamos beber cerveja depois. Isso também é bem legal.

quinta-feira, março 22, 2007

não é bem assim

Ela disse que eu sou muito. Para poucos, mas muito. E para ela? Não ela, ela. Ela, aquela. O quanto preciso ser para ser o suficiente? Mais do que sou ou menos do que tenho sido? “Seja você mesmo”, diria o sábio clichê. Desde que esse mesmo não irrite muito, claro. “Ah, cala a boca e beija logo”, afirmaria outro sábio. Que assim seja, espero.

terça-feira, março 20, 2007

O amor nos tempos de Garcia Márquez

Era o último dia do verão e ela lia o mesmo livro que o rapaz. Mais um do Garcia Márquez. Bem ali ao seu lado, num vagão de metrô. Dois solitários apaixonados pelo mesmo escritor. Ela podia estar no vagão ao lado lendo Saramago. Ele poderia não ter ido ao cinema. Eles poderiam estar a metros de distância sem perceber que liam “O amor nos tempos do cólera”. Ela já quase acabando, ele ainda no início. Ela com um exemplar novinho, ele com um adquirido em sebo. Ele tomou coragem e foi falar com ela. Ele precisava falar com ela. A literatura os uniu. A rotina iria desgastá-los. Seinfeld iria revigorá-los. Será que já percebiam a obrigatoriedade literária que a história deles possuia? Deveriam ter um final piegas e até óbvio como ele e todos nós queremos na vida real? Ou de forma criativa e corajosa, algum fato tornaria aquela história impossível?

Todo bom leitor sabe que nenhum amor pode ser assim tão fácil. Com isso em mente, eles decidem complicar. Ela está saindo de um relacionamento a pouco tempo. Ele não está pronto para algo sério. Melhor a gente se conhecer melhor primeiro. A gente se dá melhor como amigo. Nenhum dos dois se convenceram. Então lembraram de Gabo.

Ele lembrou dos lindos olhos amendoados dela... e “era inevitável, o cheiro das amendôas amargas lhe lembrava sempre o destino dos amores contrariados”. Mas o que há de contrário nesse amor?. “Gosto de você não por quem tu és, mas por quem sou quando estou contigo”. Caramba, Gabo! “A essa estirpe condenada a cem anos de solidão, não será dada uma segunda chance na Terra”. “Putz, mas cem anos é foda, hein?”. Enquanto isso, assistiram mais Seinfeld e decidiram não racionalizar nada (por enquanto).

segunda-feira, março 19, 2007

a dialética do cu doce (ou o ato de investir nas categorias de base)

-O que há de errado com vocês homens?
-Errado?
-É. Vocês continuam uns cachorros, não valorizam as mulheres que ficam.
-Acho que você está exagerando, não?
-Nada! Eu, minhas amigas... nunca vi tanta mulher bacana sem ninguém...
-Mas pera lá... sem ninguém porquê, cara-pálida?
-Ué, porque esses babacas não nos valorizam!
-Mas então por qual motivo vocês insistem sempre nos mesmos?
-E a gente lá controla nossos sentimentos?
-Não. Mas sempre um dos dois complica, né? “Ah, acabei de sair de um relacionamento”. “Oh, você gosta mais de mim e tenho medo de te magoar”.
-É. Eu não entendo. Como pode?! Eu tô penando... e não é com garotinho não, é cara maduro!
-Hmm. Pois é. Acho que é como no futebol, na real. O vacilo de vocês é não valorizar as categorias de base. Investem nos estrelões, naqueles que já tem fama, são consagrados e tal... e perdem os jovens talentos com enorme potencial (inteligentes, interessantes, etc)... aí esses jovens de talento vão ficar fodões, vão pro futebol europeu... passe valorizado e tal... então serão metidos e esnobes! Aí a mulherada cai matando quando eles ficarem mais concorridos. Lembre-se que vocês são a maioria da população. E tem viado pra caramba (não que haja algo de errado nisso, como diria Jerry Seinfeld). Valorizem as categorias de base... os talentos de vinte, vinte e poucos... antes que o mercado europeu nos contrate... aí vamos ficar difíceis.

***

Faz sentido, vai?

quarta-feira, março 14, 2007

Esse aqui sobe toda a Teodoro Sampaio?

O ônibus está cheio e ela segura uma flor na mão. Ele balbucia uma canção do Cartola. Ela ajeita o cabelo e sorri. Ele se enche de esperança. Ela tenta disfarçar seu interesse. Ele puxa a cordinha e desce. Ela olha confusa pela janela. Ele sorri da calçada. Ela murmura “Seu panaca”... e também sorri.

sexta-feira, março 09, 2007

O amor engajado nos tempos do gás de efeito moral

-Vamos protestar contra o imperialismo sob esse forte sol de março, querido? Vamos dizer “Yankee go home” quando a brisa refrescante de fim de tarde nos atingir, benzinho? Vamos limpar nossos ferimentos de bala de borracha juntos como se a gente fosse um só, mô? Vamos nos deitar sobre a bandeira dos EUA e depois atear fogo nela e em nosso corpos apaixonados, ó amada? Vamos chorar juntos o gás lacrimejante que os gambés atirarão, baby? Que tal, meu amor?
-Não fode, querida.

segunda-feira, março 05, 2007

ah, o amor

-Quando o carnaval acabar você vai voltar e ver a mulher que perdeu. Aí não vai adiantar mais. Você atingiu o limite. Chega. Você me decepcionou de todas as formas possíveis. Eu tô com nojo, sabe? Como alguém pode ser assim tão mesquinho e sórdido. Eu te odeio!
-Me perdoa, benzinho?
-Não!
-Perdoa, vai?
-Tá.
-Eu gosto de você.
-Eu te amo!!!
-Ok.

sexta-feira, março 02, 2007

Será que é isso mesmo?

"O autor jovem sempre fala de si mesmo, até quando fala dos outros, ao passo que o autor maduro sempre fala dos outros, mesmo quando fala de si mesmo."

(Stephen Vizinczey)

terça-feira, fevereiro 27, 2007

Dicotomias (ou pelo direito legítimo de não ter certeza de merda nenhuma)

Ela escorre pelos dedos. Eu evaporo. Ela acha que não sabe o que quer. Eu tenho certeza que não sei o que quero. Ela quer Lua. Eu quero Sol. Ela quer verso. Eu quero prosa. Ela quer lírios. Eu trago orquídeas. Ela foi para o sul. Eu fiquei aqui... Estúpido... enxugando as mãos.

sexta-feira, fevereiro 23, 2007

Talvez não

Foi no fim daquela tarde ensolarada de abril -até porque as tardes ensolaradas de abril são ideais pra se começar um texto. Ela vestia uma saia preta, blusa branca, um colar e lágrimas. Lágrimas de uma estranha e melancólica alegria. Talvez pela lembrança dos felizes anos que desperdiçou e dos corações que despedaçou. Talvez por nada disso. Talvez por mais que isso. Talvez aqueles olhos vagos estejam fartos da indecisão, da falta de certezas em sua vida. Ela pensa no futuro, relembra o passado e percebe que só existe o presente, que também já passou. Talvez por isso ela ainda chore, enquanto você insiste em sorrir nesse ensolarado fim de tarde de abril.

quarta-feira, fevereiro 21, 2007

tons de cinza

-Como se diz "Atualiza essa merda de blog, rapaz!" em alemão?
-Pfff. Não faço idéia.
-Mérde!

*E uma daquelas bolas de feno atravessa a enorme e vazia metrópole cinza, na quarta-feira*

quinta-feira, fevereiro 15, 2007

Notas de um folião

Num tempo sombrio, crianças são arrastadas e despedaçadas por carros fugitivos. Patéticos, nos mobilizamos e decidimos discutir e mudar nossas leis vigentes. Queremos dar um basta em toda essa violência. Berramos que esse país precisa de educação. Mas qual é a educação que vai transformar nossos homicidas em bons moços? Queremos maioridade penal para moleques assassinos na esperança de que isso sane esse país doente. Rezamos pela paz em nosso país democrático (que democracia, estúpido!? É tudo de mentirinha). Nos conformamos já que Deus é brasileiro e esse é o país do carnaval. Aliás, logo deixaremos essa história indigesta de lado para dar vazão a alegria da festa pagã. E voltaremos a nos indignar e querer mudanças logo que acontece uma grande atrocidade ou caso o Brasil faça feio na Copa América. Se vencermos, aí a esperança volta. E sentiremos orgulho desse país de elite imbecil e classe média infame. Como dizem, resta ao povo miserável e faminto fazer a revolução.

Agora chega desse papo óbvio porque já comprei meu abadá e Salvador me espera! (mentira)

terça-feira, fevereiro 13, 2007

música para ouvir

Filarmônica de Berlim

Filar Mônica deber Lim.

Fi, lar, Mô! Ni, cadê Berlim?

Tarantantantaaaaaaan


Berlar Fônica de Filarlim

sexta-feira, fevereiro 09, 2007

A queda e a intransigência do chão

De tanto sonhar com o abismo, Clarice caiu vertiginosamente na manhã daquela segunda-feira estranhamente ensolarada. Foi uma queda suave e certa, mas de fim bruto como toda queda deve ser. Clarice deleitou-se com cada segundo de vertigem e de saboroso pavor que precedeu seu despencar. O chão anseava por ela. Era uma atração irresistível. Então os olhos cerraram, ela sorriu seu mais estúpido sorriso e tropeçou no vazio. Suas sandálias surradas ficaram no parapeito da janela. Não é de bom tom mergulhar rumo ao abismo vestindo sandálias surradas nos pés.

terça-feira, fevereiro 06, 2007

as garrafas e o mar

Como em toda manhã de terça-feira, ele escreve uma carta apaixonada, coloca dentro de uma garrafa vazia de vinho e atira ao mar na vã esperança de que sua amada -que misteriosamente sumiu naquele oceano- volte. Ele fazia questão de esvaziar cada garrafa bebendo-a inteira. Anos se passam, sua pele envelhece, seus cabelos branquejam e as garrafas continuam sendo enviadas para o mergulho sem volta naquele mar. O único efeito disso foi uma cirrose crônica. Mas mal sabia ele que naquela terça-feira do ano que recém começara, tudo seria diferente. Sem nenhuma razão aparente, ele decide caprichar ainda mais na carta e passa a ter certeza de que obteria sua tão desejada resposta. Escreve lindamente e coloca o papel dentro da garrafa de seu melhor vinho e, quando vai lançá-la ao mar, é pego no flagra:

-Polícia ambiental. Teje preso, vagabundo!

domingo, fevereiro 04, 2007

anotação, né Alice?

É. Faltaram palavras. Sobraram mãos sutis. E os olhos, envergonhados, fingiram não se cruzar. Mas sobraram boas sensações. E, como ela disse, algumas coisas sentidas são -de fato- intraduzíveis! Gostos e maravilhas. Porta do espetáculo e frases pseudo-codificadas. Precipitação vez ou outra é bom. Entre o seu soluço de ser e minhas meias palavras, talvez tenha encontrado algo novo. E gosto disso.

quinta-feira, fevereiro 01, 2007

em busca daquela palavra sem tradução

Começou timidamente logo cedo, em meio ao cheiro de mofo e garoa matutina. Chegou ao fim da manhã com cara da fria noite de ontem. Depois do almoço preguiçosamente melhor. Ao fim da tarde, depois de ouvir aquela voz melíflua (yeah! Consegui usar essa palavra!!) o semblante já era de um prazer ácido e latente. Então, ao cair da noite, o êxtase era total. Bliss. E foi se esvaindo conforme assistia a porra da novela. O ânimo, o prazer, a timidez, a criatividade. Bliss. Queria ser Katherine Mansfield. Queria ser Bertha. Queria Bliss. Mas já não era (e nunca fora) nada disso. Queria ter uma palavra em lingua portuguesa que servisse para dar a dimensão dessa euforia absoluta que sentira. Essa palavra -bliss- não existe no idioma da palavra saudade. Nenhuma comporta sua intensidade. Contentou-se em então em reler aquele conto de Katherine. Bliss. Sabia que só isso importava.

terça-feira, janeiro 30, 2007

a paixão segundo E.R.

Esquecida que era, ela não lembrou de amá-lo. Sua boca, seu corpo quente e provocante, tudo era para ela (caso ela tivesse lembrado). Avoada que era, ela esqueceu completamente que estava apaixonada por ele. Esse ele era Evaldo Rubens. Mas ela já tinha esquecido disso também. O nome dela ele sabia e, por Deus, como queria esquecer.

segunda-feira, janeiro 29, 2007

o melhor show da minha vida


Tem coisa melhor do que estufar o peito e dizer isso? Só tive a manha de gritar "Caralho! Esse foi o melhor show que eu já vi!!" quando saí do estádio do Pacaembu após ver o tão aguardado show do Pearl Jam. Histórico, sem dúvida. Agora o que presenciei no último dia 25 de janeiro (aniversário de Sampa) foi antológico, soberbo, inacreditável. Nos jardins do parque do Ipiranga (onde, segundo Tom Zé cantara horas antes, Dom Pedro teve a dor de barriga) eu vi Os Mutantes. Eu vi o Caminhante Noturno, vi os Jardins Elétricos. Soube de Vírginia, senhor Sol. E a quero de volta.

Vi aqueles três tiozinhos (Sérgio, Arnaldo e Dinho) marcharem com suas indumentárias na companhia da única dúvida naquela banda: Zélia Duncan. Realmente não me agradava pensar nela como subistituta da Rita Lee, que não quis voltar ao grupo por motivos pessoais e musicais (o foda foi ela esculhambar os caras, como se ela também não fosse uma tiazinha tentando legitimamente faturar uma graninha). Mas Zélia veio como quem sabe que é coadjuvante naquele espetáculo. Coadjuvante com papel bem importante. Ela não se escondeu. E com o apoio das backing vocals fez com quem ninguém sentisse a falta da Rita por ali. Isso não é pouca coisa. O dueto com Tom Zé na clássica "2001" foi mais umas das coisas memoráveis. O músico baiano ainda participou de "Qualquer bobagem", aquela que você achava que era do Pato Fu.

Em "El Justiciero", o comandante/maestro/ genial guitar hero Sérgio Dias fez uma introdução homenageando a Esquerda Latino-americana tão esculhambada pela mídia local. Eu também gostei bastante disso. Dias é tão bom, que é bom quando erra. Ele errou na Balada do Louco. Voltou pra corrigi-la no último bis. Errou de novo. E nas duas vezes foi do caralho.

Baby. Technicolor. Ando meio desligado. Fuga n° 2. Top top E ainda tinha o Arnaldo Baptista com aquele precioso semblante abobado diante do teclado. Com sua voz trêmula de quem quase se destruiu inteiramente, ele canta "Cantor de mambo" e "Dia 36". Não ouvi muito e ainda assim gostei. Era o Arnaldo, porra! 30 anos depois a melhor banda da história do Rock Nacional estava ali dando um espetáculo gratuito para 50 mil sortudos. Os pobres ingleses não tiveram a chance de ver um retorno dos Beatles. Pobres coitados. Nós tivemos Mutantes (Ok, eles também tiveram). Mas certamente nossa vez foi bem marcante.

Desculpe, Baby. Eu tinha que contar sobre essa experiência sonora orgásmica que tive no último dia 25. Experiência encerrada com as pessoas da sala de jantar de Panis et Circense e Batmacumba ( e aquele outro bis da Balada da Louco. Os Mutantes estão de volta. Eles tem muito o que cantar e contar. E eu fiquei feliz pra caramba (tanto que só lembrei agora de citar o ótimo show da Nação Zumbi! Paciência...).

segunda-feira, janeiro 22, 2007

lá em cima

Ela precisa subir. Aqui em baixo as coisas já não fazem sentido. A lucidez foi embora e ela precisa subir. As memórias se apagaram. Seus documentos e pensamentos mofaram. Os velhos discos de Clara Nunes estão perdidos. Ela não pode ouvir sua cantora favorita e sabe que precisa subir. Vagas lembranças intercalam os surtos. Crise. Ela quer subir. Não é Céu nem futuro que ela busca. Parece clichê, mas ela talvez só queira as estrelas dessa cidade sem céu.

sexta-feira, janeiro 19, 2007

dia 25 de janeiro tem show dos Mutantes às 20h ali na Praça da Independência, no Ipiranga

Meu refrigerador não funciona. Eu tentei de tudo mas o meu refrigerador não funciona. Então desligo o rádio. Está um calor desgraçado e decido tomar banho. Puxa, tenho seios. Pequenos, mas seios. Rosados, inteiros. Escuros, no meio dessa pele negra. O telefone toca, então decido continuar no banho. Esqueço de lavar meu cabelo crespo, então decido almoçar. Não estou com fome, então devoro tudo o que está no refrigerador que não funciona, mesmo eu já tendo tentado de tudo. A barba de dois dias tem um aspecto interessante, então decido escanhoá-la. Deixo marcas no meu rosto amarelado coberto pelos fios loiros escorridos de cabelo. Eu era minha mãe. Hoje sou meu pai. Vejo o espelho e não me enxergo. Minha pele necrótica se rejuvenesce num instante. Sou um feto chafurdado em líquido amniótico, uma criança gritando contra as agruras do mundo. O telefone toca novamente. Meus seios estão maiores e mais escuros, o cabelo molhado. Mutante que sou, berro ao mundo que meu maldito refrigerador ainda não funciona.

quarta-feira, janeiro 17, 2007

lost in translation






mas amanhã é meio q quase mais ou menos um pouco certeza quea gente vai beber aqui na Vila mesmo
Moya says:
Bom, amanhã é outro dia....
Moya says:
Sabia?!?!
Ron Dodrigone says:
depende...
Moya says:
Ñ depende de nada...
Ron Dodrigone says:
pode ser o mesmo dia se vc estiver no japão
Moya says:
é outro dia...
Ron Dodrigone says:
aqui, mas lá já é o mesmo
Moya says:
Mas ja é outro dia...
Moya says:
Se tem uma coisa q ñ adianta questionar, é o tempo...
Ron Dodrigone says:
aqui no Brasil, pq lá já é o mesmo
Ron Dodrigone says:
elfim
Moya says:
Então... mas se no Brasil e no Japão são dias diferentes.... então mudou o dia...
Moya says:
E outra..
Ron Dodrigone says:
não se vc estiver no Japão e viajar pro Brasil
Moya says:
Qdo vc fala amanhã, automaticamente ja ta falando de outro dia...
Ron Dodrigone says:
aí vc vai viajar um dia todo e chegar no mesmo dia
Ron Dodrigone says:
pq são 24 horas de vôo e de diferença
Moya says:
Então ñ compensa ficar la parado??!?!
Moya says:
Gasta menos combustivel...
Moya says:
Ou então vir pelo lado oposto ao q o mundo gira, deve ser bem mais rápido....
Moya says:
Lado ñ, sentido...
Ron Dodrigone says:
é... faz bem mais sentido...
Ron Dodrigone says:
pra q viver um dia todo de novo?
Ron Dodrigone says:
a menos que o cara seja o bill murray
Moya says:
E se ele ficar girando acompanhando o mundo, ele vai parar no tempo?!?!?
Ron Dodrigone says:
será
Ron Dodrigone says:
acho que sim!
Ron Dodrigone says:
mas aí ele precisa parar pra abastecer, aí o tempo passa todo de uma só vez
Moya says:
Nossa..... deve ser um tremendo baque, ñ?!!?