quinta-feira, junho 28, 2007

o mangue da memória

Depois de ouvir da "Lama ao caos" duas vezes seguidas, ela foi rumo ao pântano de sua memória no início daquela noite. Era um mangue, mas ela queria que fosse pântano e por isso o era. Usava apenas um vestido azul desbotado e um colar de mágoas. Ela vai deleitar-se para sempre chapinhando naquela lama de mangue ilusório. Não é a lama como a dos dias da manguetown, mas ainda assim basta para acalentar seus anseios de caranguejo. Caranguejo de pântano, não de mangue.

quarta-feira, junho 27, 2007

manda mais uma gelada, Toninho!

Cabelos cacheados. Pele branquinha. Sorriso ingênuo e cara de menina. Tentadora. Eles flertam, mas ela namora. Disfarça e vai embora. Talvez nem tenha estado ali. Talvez precise de mais um trago.

terça-feira, junho 19, 2007

João Rock - parte 2 de 2


Olha aí o Mutano e os Caetantes!





Chorão em primeiro plano e ali no cantinho Don Rodrigone, de camiseta vermelha e Luzia do lado esquerdo



***


Previously on Lost: D2 faz showzaço. Samuel Rosa me conta sua visão sobre a decadência da indústria fonográfica, seu interesses por festivais como o João Rock e pelos Mutantes. Charlie Brown finalmente vai falar com a gente.


*aparece aquela vinhetinha sombria do Lost e a história segue em frente *


“Gente, o Chorão vai falar só pra TV. Três perguntinhas pra cada veículo. Vamos rápido, tá?”, avisa a assessora. Ok. Será suficiente. Somos a segunda emissora a entrar no camarim da banda. Chorão atende nossa equipe de forma bem amistosa. Ele fala animadamente, enquanto é observado pela sua banda recém-reformulada. Todos demonstram-se simpáticos. O vocalista conta o que espera do show, da honra de participar de um festival com os Mutantes e de seu irmão. Sim, eu conto que conheci o irmão dele, que se apresentou como um cara de Santos com uma banda chamada Conteiner. Nome apropriado para um grupo da cidade portuária. Entreguei o cd para a diretora de um programa do canal (a amada amiga Mari Veltri) que disse que a voz do cara era idêntica a do Chorão. Falando com ele ao telefone, descobriu que eram mesmo irmãos. Chorão me disse que sempre apoiou o cara, mas não facilitou seu caminho e, portanto, o que conseguisse seria mérito dele próprio. Antes de sairmos, a produtora Luiza relembra Chorão do tempo em que foram vizinhos. O sorridente roqueiro papeia animado com ela enquanto a produtora da banda e assessora descabelam-se pedindo para nos retirarmos. E nosso empolgado cinegrafista mais uma vez não controla a tietagem e ameaça pedir para tirar foto... sou obrigado a puxá-lo pelo braço e carinhosamente ameaçar castrá-lo.

Ficamos ali no backstage até nos informarem da coletiva do Marcelo D2. Mais uma vez o esquema seria o da péssima e intransigente coletiva de imprensa. Novamente me recusei a participar. De olhos bem vermelhos e desatento, D2 falou baixo e pouco animado. Mal pude ouvir. Mas o show dele já tinha sido suficiente para agradar imprensa e fãs. O Charlie Brown Jr. Já está no palco. Chegamos no gargarejo lá pela terceira música. No fundo do palco, uma mini-pista de skate e dois moleques mandavam ver nas acrobacias. No palco, Chorão canta canções bem recentes. E chama D2 ao palco para dar uma força. Eles ficaram juntos durantes umas três músicas. E D2 está radiante de novo. A dupla leva a multidão ao delírio. A molecada, como Chorão insiste em chamar o público (talvez com razão), realmente mostrou que aquele era o momento mais esperado pela maioria. Logo, hits mais antigos que achávamos bacaninhas (pelo menos eu achava) quando tinha uns 16, 17 anos foram tocados. Dali fomos até um estande no estádio onde estava sendo divulgado e vendido o livro “A volta dos Mutantes” (Paula Chagas Autran, ed. Publisher). Seguindo a dica da gatíssima moça responsável pelo estande, entrevistei a mãe da autora, que fez parte do staff da banda em sua primeira formação. Ela contou detalhes e curiosidade sobre a caprichada edição. Obra imperdível para fãs da banda, como eu. Lá fiquei conhecendo quem é a Virgínia homenageando na música homônima, minha favorita. É a irmã de Rita Lee. E Rita Lee? Rita Lee foi passeaaaaaaaa-haharrrrr. Vinte anos, namorar talveeeez.

“Pessoal, é hora de falar com o pessoal do Luxúria”. “Coletiva?”, pergunto. “Então, ela vai dar coletiva, mas depois vai falar separadamente”, explica-me uma assessora. Lá fomos nós. Só que quando chega a hora das exclusivas, somos avisados de que os Mutantes estão subindo ao palco. Sinto muito, Meg. Você é linda, charmosa e faz um som bacana, mas eu não posso perder nem um pouquinho do show dos Mutantes. Avisam-nos que a banda vai fazer uma surpresa logo no começo da apresentação. Hmmmm, tá ficando ainda mais interessante. Chegamos no gargarejo mas ainda esperamos quase 15 minutos pela banda. Eles entram triunfais sob o som da “marcha” Dom Quixote. Eu esqueço que estou trabalhando e só me divirto. Um hit atrás do outro. Mas hit, em se tratando de Mutantes, é algo que ainda assim só uma minoria conhece. Percebo que, mesmo ali no gargarejo, poucos cantam. Mas quase todos se encantam (exceto aquela molecada xarope com cara de tédio apoiada em parte da grade... que morram todos!). Todo show dos Mutantes me parece histórico, mas esse teve um agravante: eles dedilharam Baby e então trazem ao palco Caetano Veloso. O nervosismo da banda e do próprio Caetano são notórios. Décadas e década depois, aquela prolífica parceria volta a acontecer. Baby, baby, a quanto tempo! Baby, babyyyyyyy... a emoção passa do palco para boa parte do público. Todos pedem “mais um”, “mais um”. Não rola. Mas eles ainda cantariam muito coisa boa.

Zélia Duncan observa aquela meia dúzia no Gargarejo cantando sem parar (eu no meio, claro!), até que fixa o olhar em alguém e sorri. Era Chorão, babando diante dos deuses. Sérgio Dias e Zélia realmente devem ter ficado bem contentes com a reverência e alegria do fã ilustre. Sérgio sola diabolicamente, mostrando porque é um dos mais respeitados guitarristas do mundo. Eles canta Virgínia.E trazem o sol de janeiro de volta. Embalam o Cantor de Mambo com o encantadoramente louco Arnaldo Baptista. Andam meio desligados (para muitos, essa era aquela música da novela!), buscam o train in Tecnicolor, cantam Minha Menina (sacanas!)e Batem Macumba. Em Top-top, voltam à versão original e gritam “Sacanagem” em vez de “Sabotagem”. Nos anos 60, a Censura vetou a terrível palavra “Sacanagem”. Os ingênuos carrascos não perceberam o teor subversivo da palavra “Sabotagem” e deixaram passar essa. Só que agora novamente é Sacanagem. E eu quero que você se top, top, top, uh!!

E, como não podia deixar de ser, entoam a Balada do Louco. Essa todos sabem de cor. E tenho que me ligar a todo momento para verificar se meu cinegrafista está gravando ou flertando mais um vez uma jovem fotógrafa ou menininhas assanhadas da platéia. A noite termina para as pessoas da sala de jantar com Panis et circenses. Chorão grava esses momentos com uma supercâmera HDV. Karolito grava com uma miniDV para o Programa Em Cena e ainda consegue aquela foto com o sr. Big Cry. Eu, humildemente registro uns trechos com a camerazinha VGA do meu celular. Intenso e rápido. Sem bis, sem Caminhante Noturno, sem Jardim Elétrico. Paciência. “Parece que não vai ter nem coletiva”. “Ahn?!?!?!?!”

É. A esforçada produção do festival tenta a todo custo garantir que a banda fale com a imprensa. Em se tratando de Mutantes, mesmo uma coletiva já está valendo. A tenebrosa produtora da banda decide liberá-los por 5 minutos. Pseudo-jornalistas bêbados e semifotógrafos são maioria ali. Perguntas imbecis e previsíveis começaam a ser feitas. Até que eu (modéstia é o caralho!) tomo a palavra e consego fazer minhas perguntas. Aliás, tenho plena convicção de que eu e apenas mais umas duas pessoas perguntamos coisas interessantes. Sérgio e Zélia respondem olhando em nossos olhos. Ser encarado pelo sr. Eterno Mutante faz tremer as pernas, mas deixa extasiado ao mesmo tempo. Eles falam da alegria de cantar com Caetano quase 40 anos depois. Falam da fantástica banda de apoio que, segundo Dias “fez nosso som finalmente soar como nos discos”. Aquela loirinha bonita no backing vocal ajuda a resgatar o agudo necessário que a esforçada e surpreendente Zélia Duncan não pode oferecer. Eu estava convicto de que mandaria tudo às favas e pediria uma foto com Sérgio ou Arnaldo. Só que a adorável produtora da bandas encerrou a coletiva e arrastou todos para a van. Não tive a menor chance. Era o fim de um festival memorável em Riacho Escuro, como Arnaldo Baptista batizou a cidade que recebeu a última apresentação da banda antes de seu triunfal retorno no Barbican Hall, em Londres, ano passado.

Fãs ardorosos ficaram para ver a boa apresentação do Luxúria. Mas já passam das 3 da manhã. E não dá mais mais pra ficar por lá. Esperamos pela van para voltar ao hotel. Demorou um bocado. Comemos crepes por um preço extorsivo e vimos colegas jornalistas flertarem com mulheres de um, digamos, design desarrojado. “E aí, minas, onde que é a balada aqui”, pergunta um dos rapazes. “Ué, nós somos a balada”. Ok. Eu quero voltar pro hotel. Voltamos. Voltei papeando com uma graciosa repórter, que voltaria para sua cidade horas depois. Estávamos podres e sujos daquela terra vermelha do chão do entorno do estádio do Comercial.

Karolito ainda conseguiu convencer uma turma a ir passear. Saíram às 4h30 da manhã, quando deitei pra dormir. Acordei às 10h e ele não esta lá. Tomamos café e passeamos ali pelo centro da cidade, onde fica o hotel. Vimos a prefeitura, praças, chafariz e, claro, o lendário bar Pinguim. Mas já estava na hora de partir. A van nos deixa na Paulista por volta das 5 da tarde. Para não ser tudo perfeito, esqueço uma mala no banco da van. Devo retirá-la ainda essa semana. Ao chegar em casa, vejo no Fantástico um trechinho da participação do Caetano com os Mutantes. É, valeu mesmo a pena ter ido ao João Rock. Vou tentar colocar a matéria do Canal até dia 29 no Youtube. Se realmente rolar, divulgo o link aqui. A matéria , como foi dito num comentário no post anterior, pode ser visto no Programa Em Cena, com a diva Dani Tesolin. That's all folks!

(ah, em breve colocarei mais umas fotos por aqui! só estou aguardando me mandarem...)

domingo, junho 17, 2007

João Rock - parte 1 de 2

Sábado, 16 de junho de 2007. Acordo às 5h da manhã para encontrar a minha querida produtora Luiza -Luzia- Xavier e o meu pitoresco cinegrafista Karolito Wojtyla no Canal de São Paulo, onde trabalhamos. De lá fomos até a av. Paulista, onde um micro-ônibus vai levar jornalista, fotógrafos e cogêneres até Ribeirão Preto. Estamos indo ao João Rock, tudo pago pela competente produção do evento. Depois de algum atraso, saímos às 8h30. Durante a viagem de pouco mais de 4 horas, chegamos na bela e quente (muito quente) Ribeirão Preto. No caminho para o restaurante, vimos um viaduto chamado "Presidente Sarney" e isso certamente me chateou. No restaurante conhecemos a intrépida líder das dezenas de assessoras do evento, a srta. Joelma. Recebemos as devidas coordenadas e rumamos para o hotel. O festival iria começar às 16h, tempo suficiente apenas para aquele banho rápido. No hotel, fãzocas aguardavam alguma estrela chegar (já que elas ficariam no hotel do lado). Rumamos para o estádio do time do Comercial, onde acontece o João Rock. Lá, gravaríamos uma materia para o Programa Em Cena. Gravaríamos não, gravamos.

Por quê João Rock? "Quando pensamos na criação de um festival no interior, pensamos primeiro num lugar em forma de bateria. Depois fomos pensando em quanto 'Jõoes' não existem no rock, principalmente na bateria.", me explicou Luid, um dos idealizadores da festa. Já no estádio recebemos pulseirinhas para os bastidores para camarotes exclusivos com bebida à vontade (não que jornalista goste de cerveja de graça, claro) mais a devida credencial. Na área de backstage, ficavam as tendas armadas como camarim das oito atrações do evento:

-NXZero
-Cidade Negra
-Skank
-Pitty
-Charlie Brown Jr
-Marcelo D2
-Mutantes
-Luxúria

Desde o início, não achei a lista de bandas muito promissora, mas tinha Mutantes! Isso bastava para ter certeza de que seria um festival interessante naquela cidade interiorana e quente. O nariz torcido para alguns desses nomes é chatice da nossa parte. Isso se comprovou ao vivo. No começo, os jornalistas ficaram no backstage, quase em frente aos camarins. Dali, vimos os moleques do NXZero entrarem para o delírio de menininhas extasiadas. Um tempo depois, o acesso a esse espaço ficou mais difícil. Um portão separava a área destinada à coletiva de imprensa dos camarins, e outro do público em geral. Saíamos dessa área reservada para a sala de imprensa, camorte, para o gargarejo e para o meio da galera, claro. O show do NXZero gerou gritinhos estéricos e cumpriu seu objetivo. O vocalista ainda incentivou a molecada a montar banda, ir atrás do sonho e todo esse papo edificante. Quando voltamos para entrevista pós-show com a banda, as jovens senhoritas imploravam "Ai, moço! Me dá esse seu colarzinho". Elas queriam de qualquer forma agarrar os rapazotes da banda. "Não posso. Mas eu aviso que você mandou um beijo, tá?", dizia eu maldosamente.

Quando entendi que não seria entrevista que faríamos, mas sim coletiva, desisti de falar com eles nesse esquema. Uma garota de uns 16 anos foi selecionada pela produção do evento para entregar uma doentia carta de "eu te amo" com 70 metros de comprimento. Aí entendi que isso me interessaria e Karolito pôs-se a gravar. Falamos com a fedelha e gravamos a entrega da carta. Aí consegui uma pergunta exclusiva com o vocalista "Vocês tem um lance mais roquenrrou... como lidar com essa tietagem meio estranha no mundo roqueiro?". `Político, ele disse que toda manifestação de carinho é bem-vinda e que fica feliz em tocar num festival tão diversificado. Então tá. Uma repórter bonitinha desafiava o tempo quente e sem vento de Ribeirão com seu vestidinho sumário prestes a mostrar partes indevidas do corpo.

Na seqüência veio Cidade Negra. Banda que eu achava legal quando tinha doze anos. Skank e Cidade Negra. Eu adorava as duas. Cresci, e o som da banda de Toni Garrido não me empolga há muito tempo. Eles fizeram uma apresentação OK, com seus hits e alguns covers. Até me vi cantarolando "Você sabe, o sentimento trai, o bom sentimento não trai". Mas disfarcei e ninguém percebeu. Ao fim do show, estávamos no backstage. Após a apresentação de cada banda, uma repórter bem fraquinha da rádio patrocinadora do evento fazia uma exclusiva com a pessoa. Assim que Toni Garrido respondeu o óbvio, a imprensa já o cercou para uma coletiva forçada ali mesmo, como deveria ser. Assim pude questioná-lo sobre o que pensa de toda a diversidade do festival, que abriga coisas tão absurdamente distintas. Toni saiu-se muito bem. Disse que o que mais gosta nisso tudo é a mobilidade de um ano ser atração principal e anos depois ser mero coadjuvante. Falou da diversidade e, claro, falou bem dos Mutantes. Já era noite na simpática cidade de Ribeirão Afro-descendente.

Após o intervalo entre show, foi a vez do Skank tocar seus sucessos. Esses mandam bem ao vivo. Muitos torcem o nariz para a banda de Samuel Rosa. Acho injusto. Apesar de não serem gênios, fazem um sucesso descompromissado e que funciona bem ao vivo. Principalmente quando a gente está lá numa boa no camarote tomando cerveja de graça (trabalhando, claro). Mas logo do começo do show, tivemos que correr pois resolveram antecipar a entrevista da Pitty. "Mas vai ser só coletiva de 15 minutos". E a coletiva acontecia numa tenda tosca, sem estrutura alguma e com mesas de bar. "Mas eu não posso coletiva assim. Ela é só uma pessoa. Vamos fazer 5 minutos pra TV e 10 pro restante. "Não, a produtora dela não quer". Ok. Desliguei meu microfone. Pedi para a produtora que também negou e sugeriu: "Se eu fosse você, gravaria a coletiva". Simpaticamente (mentira) disse que se ela não puder nos atender direito, eu não teria como gravar. Perdi a Pitty. Mas pude observar como ela realmente é gata. E mostraria que cresce muito no palco, quando finalmente pode se livrar das amarras de marketing que tanto a perturbam e a ajudam a fazer sucesso. A mesma coisa quase se repete na entrevista do Skank. Como só tinhamos mocinhas simpáticas de TV gravando, cabeu a este escriba barbudo a missão de pentelhar as simpáticas assessoras em busca das entrevistas exclusivas. "Eles não vão dar entrevista exclusiva pra ninguém". Ahn... pentelhei a suyper Joelma e consegui sorrateiramente ficar num local estratégico para abordar Samuel Rosa. Solícito, ele respondeu as perguntas empolgadamente. E falou dos Mutantes, claro. Nessa hora rolava o show da Pitty. Nosso cinegrafista pirou, justificadamente, pelos atributos da moça. E não é que o som dela tem uma pegada bacana ao vivo? Pesado, com letras bem construídas. Uma boa pedida pra um adolescente.

A próxima coletiva é a do Charlie Brown Jr. Aquela banda que a gente gostava em 1999, lembra? O cara louco que esmurrou o Marcelo Camelo. Pois é. Todos esperando, mas eles ainda não estavam lá. Já era hora do show e também não estavam lá. Anteciparam o ótimo Marcelo D2. A sempre eficiente Luzia perdeu, pela primeira vez, a compustura, e se esbaldou merecidamente naquele showzaço do ex-Planet-Hemp. Ele manteve o respeito, achou a tal da batida perfeita e agradou negos e baianos, gregos e troianos. Numa ótima sacada, trouxe o... (qual o nome que se dá pra um cara que faz todo tipo de instrumento com a boca?) enfim... o Fernandinho Beatbox. E mandaram muito bem os dois. Até o toque de "Seven Nation Army" Beatbox faz com boca. Foda, essa é uma boa e polida definição.

Já no finzinho, somos avisados de que Chorão e sua trupe já estão prontos pra falar. E vão dar entrevistas individuais só pra TV. Ah, como é bom ser chato! Luiza foi vizinha de Chorão e garantia que o figura era legal. Eu ainda tinha dúvidas. Entramos e ele realmente mostrou ser um cara bacana, atencioso. E isso seria confirmado durante o restanto do festival, conforme contarei depois. Isso aqui já está muito grande e desconfio que ninguém terá saco pra ler. Conto sobre a entrevista com Chorão e sobre o D2 e Luxúria depois. Ah, claro, conto também do momento em que conversei com deuses: Os mutantes.

sexta-feira, junho 15, 2007

meta, física!

Certa manhã, após relembrar o que ouvira na tarde anterior, Evaldo Rubens percebeu estar com a alma inteiramente despedaçada por uma razão absolutamente tola. Sublimou lágrimas, resmungou blasfêmias. Escreveu num papel um nome que riscou até a miserável folha rasgar. Pegou o telefone, pediu uma pizza. Decidiu aprender japonês. E os cacos foram juntados. Mochi mochi, Evaldo Rubens!

o sábado anterior

Não podia haver dor maior do que aquela que sentira naquele sábado anterior. O coração dilacerado de saudade, o pensamento sangrando lembranças felizes. E uma prisão de ventre filha da puta.

segunda-feira, junho 11, 2007

ah, são seus olhos!



Fui premiado! Simbolicamente, mas ainda assim um prêmio animador. O blog da adorável jornalista Marina, o lebalmasque.blogspot.com, colocou este espaço na lista dos 5 blogues que fazem pensar. "Thinking Blogger Award" é o nome da premiação. De acordo com a regra do The Thinking Blog, agora eu devo indicar cinco blogues. O diabo dessas listas é a quantidade de coisa boa que fica de fora. Tentei ser daqueles jurados babacas e imparciais que tentam premiar quesitos técnicos e abstratos, nesse caso a tal história de “para pensar”. Aos não-laureados, minhas desculpas. À lista, pois.

1- Fogo nas entranhas: Blog da jornalista, tradutora e assassina de aluguel Gabriela Franco. Gabi é uns metros quadrados pensantes mais incríveis que conheço. Escreve acidamente bem, articulada, adora quadrinhos, é roqueira e tatuada. Ler seu blog informa, faz rir e pensar bastante.

2- Movimento Incerto: Pouco atualizado, é fato. Mas a jovem senhorita Ana Davids consegue ser de uma intensidade tão absurda em seus textos... entro semanalmente nesse espaço, mesmo sabendo que as atualizações variam entre quinzenal e mensal. Faço isso pois sei que quando atualizar, Ana fará uma enxurrada de sensações. Melancolia e incerteza. Lirismo puro. E líquido.

3- Resmungos e Insanidades – O caótico senhor Rodrigo – Chapolim – Abrahão é da liga dos imortais jornalistas-bancários-alcoolatras. Companheiro de TCC na faculdade, esse boêmio rapaz nos premia com textos de um humor peculiarmente... ahn, peculiar. Beatnik até não poder mais.


4- Le bal masqué: Marina escreve bem e sobre tudo. Faz mini-contos, analisa filmes e contas histórias. Talvez histórias pessoais, talvez ficcões. Provavelmente as duas coisas. E tive a honra de ser citado lá.

5 – Casa da Lagoa: O olhar do paulistano Ferdi sobre o Rio (aquele, de Janeiro mesmo, confuso e belo)... Apesar de falar principalmente sobre a cidade maravilhosa, o blog consegue transformar o particular em amplo, tornando-se uma leitura sempre interessante e bem informativa.



***

Preciso fazer menção honrosa para três blogues que visito semanalmente e adoro:
Relaxei demais, da diva Dani Tesolin
Blog da intrépida Raquel de BC
Blog do fanfarrão Rui Minharro

segunda-feira, junho 04, 2007

Manifestação

Saiu para protestar como se fosse o único. Se pintou e se arrumou como se fosse ato cívico. Passou na catraca o seu bilhete único. Chegou na praça em fúria quase que por último. Gritou e se expressou como se fosse um louco. Berrou e empurrou ainda achando pouco. E até ergueu no ar faixas de protesto. Xingou e difamou como um político honesto. Tentou fugir do tumulto apavorado como se não ligasse para o resto. Levou pancada da polícia e tapão no coco. Tijolo, até tijolo num confronto tosco. Caiu de sopetão como se fosse um bêbado. Beijou o chão de asfalto como se fosse amante. E gritou delirante embaixo da multidão. E sufocou seu berro lancinante e pisoteado. Acalentou seu pranto santo de gás lacrimogêneo como se ninasse um pássaro. Com olhos desbotados de um passado de culpa... Morreu pisoteado em plena manifestação.

Saiu para manifestação como se fosse ato cívico. Se pintou e se arrumou como se fosse único. Divulgou na praça o seu bilhete de fúria. Gritou e catracou como se fosse amante. Apavorou-se de sopetão com a multidão lancinante. Sufocou seu berro com um tijolo santo . Acalentou o tumulto como se não tivesse culpa. Xingado e difamado, deu um tapão no bêbado. Se arrependeu de tudo como um político nato. Morreu então pisoteada a idéia de protesto.

sexta-feira, junho 01, 2007

Pesado, pesado, sublime.

É. Eu vi e ouvi Bellrays. E peguei na mão daquela negona genial quando ele desceu do palco e cantou exatamente onde eu estava. Intenso, hardcore, dançante, sublime. Tudo isso ao mesmo tempo. Jazz, punk, soul. Lisa Kekaula é uma diva. E só podia ser negona pra conseguir ter uma voz tão viceral assim. E os caras da bandas tocam pesado, "lá embaixo" como diria o saudos Mr. James Brown. Ver uma banda desses num espaço pequeno como o Inferno club é um privilégio... a energia emanada do Bellrays é algo fora do comum. Valeu encarar uma madrugada gelada de quinta para sexta-feira pra vê-los (mesmo tendo dormido menos de três horaS). E simplificando a história toda. Eu vi Bellrays ao vivo e você não! Lero-lero!!!!