sexta-feira, fevereiro 09, 2007

A queda e a intransigência do chão

De tanto sonhar com o abismo, Clarice caiu vertiginosamente na manhã daquela segunda-feira estranhamente ensolarada. Foi uma queda suave e certa, mas de fim bruto como toda queda deve ser. Clarice deleitou-se com cada segundo de vertigem e de saboroso pavor que precedeu seu despencar. O chão anseava por ela. Era uma atração irresistível. Então os olhos cerraram, ela sorriu seu mais estúpido sorriso e tropeçou no vazio. Suas sandálias surradas ficaram no parapeito da janela. Não é de bom tom mergulhar rumo ao abismo vestindo sandálias surradas nos pés.

3 comentários:

Unknown disse...

'Clarice deleitou-se com cada segundo de vertigem e de saboroso pavor que precedeu seu despencar'


definitivamente, vc precisa ler Dostoivesky.

Raquel disse...

É, apesar das sandálias surradas serem confortáveis, chega uma hora que já não servem para nada. =P

Anônimo disse...

suicídio poético